sábado, 31 de maio de 2014

Sudanesa condenada à morte será libertada, diz autoridade


Atualizado em  31 de maio, 2014 - 15:03 (Brasília) 18:03 GMT
Sudanesa condenada à morte (BBC)
Sudanesa se recusou a renunciar à religião cristã e foi condenada por apostasia
Autoridades sudanesas irão libertar uma mulher que foi condenada à morte por ter abandonado o Islã, disse um representante do Ministério de Relações Exteriores.
Meriam Ibrahim, que deu à luz uma menina enquanto estava presa, será libertada em alguns dias, disse Abdullahi Alzareg, sub-secretário do ministério.
Segundo ele, o Sudão garante a liberdade religiosa e está comprometido em proteger a mulher.
A sentença de morte gerou condenção internacional.
Meriam, de 27 anos, foi criada como uma cristã ortodoxa, mas um juiz sudanês decretou que ela deveria ser considerada muçulmana devido à religião de seu pai.
Ela se recusou a renunciar ao cristianismo e foi condenada à morte por apostasia - abandono da religião.
A Justiça disse que ela poderia cuidar de sua filha por dois anos antes do cumprimento da sentença.
O casamento cristão de Meriam, em 2011, foi anulado e ela também foi condenada a 100 chibatadas por adultério já que a união não é considerada válida sob a lei islâmica.



Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140531_sudao_mulher_liberta_hb.shtml

Mudança em estilo de vida pode prevenir aborto natural, diz pesquisa

Atualizado em  19 de fevereiro, 2014 - 07:10 (Brasília) 10:10 GMT
Mulher grávida | Crédito: PA
Pesquisa recomenda levantamento de peso para prevenir aborto espontâneo
Mais de um quarto dos abortos espontâneos ocorridos pela primeira vez poderia ser prevenido por uma combinação de mudanças no estilo de vida, sugere uma pesquisa realizada na Dinamarca.
Os cientistas da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, constataram que mulheres a partir de 30 anos que consumiam álcool com frequência e trabalhavam à noite durante a gravidez tinham maiores chances de sofrer abortos espontâneos.
O estudo, que analisou 91.247 mulheres, disse ainda que levantar mais de 20 kg por dia durante a gestação e estar abaixo ou acima do peso ideal também aumenta o risco de aborto espontâneo.
O aborto espontâneo atinge milhares de mulheres ao redor do mundo. No Brasil, estima-se que uma a cada dez grávidas perca o bebê nos primeiros meses de gravidez.

Prevenção

Os pesquisadores concluíram que somente uma redução dos fatores de risco poderia prevenir os abortos espontâneos.
O estudo foi publicado na revista científica International Journal of Obstetrics and Gynaecology.
"A principal mensagem de nossa pesquisa é que os abortos naturais podem ser prevenidos", diz Anne-Marie Nybo Andersen, pesquisadora-sênior da Universidade de Copenhague.
Segundo ela, a pesquisa mostra a relativa importância do estilo de vida na incidência de aborto natural, em detrimento de fatores específicos, como a ingestão de determinados medicamentos.
Andersen afirma que, como as descobertas vieram da análise de uma população, elas podem ser aproveitadas por grupos diversos – desde casais a pessoas responsáveis por políticas de maternidade, regulações trabalhistas e apoio a gravidez precoce.
"Todo mundo, jovens homens e mulheres, assim como aqueles que têm responsabilidades políticas, devem ter em mente que a gravidez acima dos 30 anos implica um risco elevado de aborto natural", acrescenta.

Recomendação médica

O estudo analisou gravidezes ocorridas na Dinamarca entre 1996 e 2002. Os pesquisadores constataram que 3,5% das mulheres sofreram aborto espontâneo.
Os pesquisadores analisaram possíveis conexões entre os abortos naturais e o estilo de vida das grávidas ao coletar dados por meio de entrevistas telefônicas feitas pelo computador.
"Esse estudo é muito interessante em termos de abrangência da população", afirmou Caroline Overton, porta-voz da Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, associação britânica que reúne profissionais da ginecologia e obstetrícia.
Segundo ela, mulheres que queiram engravidar devem ter uma dieta balanceada, assegurar que não estão "muito magras" ou "com sobrepeso", parar de fumar e pedirem a seus parceiros para fazerem o mesmo.



Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140219_aborto_natural_estilo_de_vida_lgb.shtml

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Estupro coletivo e enforcamento de adolescentes gera indignação na Índia


Atualizado em  30 de maio, 2014 - 19:15 (Brasília) 22:15 GMT
Protesto na Índia (AP)
Repúdio à violência sexual aumenta desde 2012, quando jovem foi estuprada e morta por um grupo
O caso de duas primas indianas de 14 e 16 anos encontradas mortas por enforcamento na última quarta-feira depois de terem sido vítimas de estupro coletivo no estado de Uttar Pradesh vem causando indignação na Índia.
A polícia é acusada por familiares das vítimas de se omitir quando notificada na última terça-feira sobre o desaparecimento das adolescentes. A razão seria discriminação social.
"Quando fui à delegacia, a primeira coisa que me perguntaram era qual a minha casta. Quando respondi, começaram a me ridicularizar", disse um dos pais das meninas à BBC.
Na Índia, a casta é o grupo étnico ao qual uma pessoa pertence. Normalmente, os casamentos só ocorrem entre membros de uma mesma casta.
Em muitos casos, a violência é usada para ferramenta para reforçar o poder de castas consideradas superiores e para levar o medo às chamadas castas inferiores.
Ao menos três homens foram presos por envolvimento com o crime na vila de Katra Shahadatganj, que tem cerca de 10 mil habitantes.
Apesar deles pertencerem à mesma casta das vítimas, as duas jovens pertenciam a uma classe tida como inferior dentro desta casta.
Dois policiais também estão detidos por conspiração no crime por terem se recusado a buscar pelas adolescentes após seu desaparecimento, segundo autoridades indianas.
O governo prometeu agilizar o andamento do caso na Justiça, que ocorreu no início desta semana.

Dois novos casos

Protesto contra estupro na Índia (AP)
Violência sexual é usado na Índia para reafirmar poder de castas tidas como superiores
Em meio a isso, surgiram relatos de dois novos estupros coletivos ocorridos no mesmo estado nesta semana.
O ministro-chefe de Uttar Pradesh, Akhilesh Yadav, reagiu com raiva ao ser questionado sobre o crescente número de casos deste tipo de crime.
"Você está seguro, por que isso o incomoda", disse Yadav a um jornalista.
"Nenhum outro estado tem uma sala de controle da polícia como a que temos aqui. Se houver incidentes, vamos agir."
A polícia anunciou mais cedo que haverá uma "investigação completa" para averiguar as alegações de discriminação por casta na delegacia.
Em protestos realizados na vila das adolescentes, manifestantes disseram que a falta de saneamento básico nas áreas rurais indianas não ameaça apenas sua saúde, mas também sua segurança.
Segundo eles, muitos ataques ocorrem quando as mulheres precisam sair de casa para ir ao banheiro, especialmente à noite.
O repúdio à violência sexual vem aumentando na Índia desde 2012, quando uma estudante foi assassinada depois de ser vítima de um estupro coletivo em um ônibus em Nova Déli.
O governo endureceu as leis contra este tipo de crime no ano passado após a realização de manifestações de indignação pelo caso.
Casos do tipo agora recebem tratamento especial da Justiça para serem julgados mais rápido e, nos crimes mais extremos, a pena de morte pode ser aplicada.
Alguns grupos de defesa da mulher argumentam que o baixo número de condenações por estupro poderia ser revertido com um policiamento mais efetivo, em vez de com a aplicação de penas maiores.



Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140530_estupro_enforcamento_india_rb.shtml

Brasil tem mais pessoas acima do peso que média mundial


Atualizado em  29 de maio, 2014 - 17:57 (Brasília) 20:57 GMT
BBC
No mundo todo, número de pessoas acima do peso chega a 2,1 bilhões
O Brasil tem mais pessoas acima do peso ou obesas do que a média mundial, revela um estudo divulgado na revista científica Lancet.
Mais da metade da população adulta brasileira está nessas categorias - 58% das mulheres e 52% dos homens.
Na média mundial, 37% dos homens e 38% das mulheres está acima do peso ou é obesa.
O resultado mundial é puxado para baixo por causa dos baixos índices da África Subsaariana e do sul e sudeste da Ásia. No caso da China, por exemplo, o índice é de 28% para ambos os sexos.
O resultado do Brasil, por outro lado, está na média da América do Sul e abaixo do resultado dos Estados Unidos, onde quase 70% da população adulta está com o peso muito alto.
No mundo todo, há 2,1 bilhões de pessoas acima do peso, um salto em relação a 1980, com o número chegava a 875 milhões. Segundo os pesquisadores, entre as razões desse aumento está o "sedentarismo em todos os níveis”.
Em números absolutos, o primeiro país no ranking é os Estados Unidos, seguido por China, Índia, Rússia e, finalmente, o Brasil, com 74 milhões.

Fracasso

Considerado um dos mais amplos estudos já publicados, a pesquisa foi liderada pelo Instituto de Métricas e Avaliações de Saúde (IHME), em Washington, e executada por pesquisadores de todo o mundo.
PA
Sedentarismo é a principal causa da obesidade, diz o estudo
Para Ali Mokdad, do (IHME), nenhum país está vencendo a obesidade, já que ela é um problema relativamente novo. “Vai demorar um tempo para vermos histórias bem sucedidas nessa área”, disse.
Globalmente, a proporção de adultos acima do peso (ou seja, com índice de massa corporal de 25kg/m2 ou mais alto) cresceu de 28,8% para 36,9% em homens e de 29,8% para 38% em mulheres, de 1980 a 2013.
Um dos dados que mais chamaram a atenção dos cientistas foi o aumento da obesidade entre crianças e adolescente em países desenvolvidos: 23,8% dos meninos e 22,6% das meninas estavam acima do peso ou eram obesos no ano passado.
O mesmo ocorreu entre crianças e adolescentes de países em desenvolvimento: de 8,1% para 12,9% em 2013 no caso de meninos e de 8,4% para 13,4% para as meninas.
Desde 2006, o aumento da obesidade entre adultos em países desenvolvidos vem desacelerando, segundo o levantamento.

Consumismo

Na conclusão do estudo, os pesquisadores pedem uma “liderança global urgente” para combater fatores de risco como o consumo excessivo de calorias, o sedentarismo, e a “promoção ativa feita pela indústria, incentivando o consumo de comida”.
Segundo a pesquisa, há mais mulheres obesas do que homens em países em desenvolvimento. Segundo Mokdad, isso se deve ao fato de as mulheres nesses locais assumirem muitas funções – como trabalhar fora e cuidar da família -, as deixando sem tempo para controlar seu peso.
Nos países desenvolvidos, entretanto, há mais homens obesos do que mulheres. Moktad disse que isso se deve às longas horas gastas para ir do trabalho até a casa, além de fatores como um maior sedentarismo, usando computadores.
O professor Hermann Toplak, da Universidade de Graz (Áustria), disse que “nas últimas décadas, a modernização do nosso mundo, com toda a tecnologia que nos cerca, nos levou a um cenário de sedentarismo em todos os níveis”.
De acordo com ele, a falta de atividade física faz com que o autocontrole entre em uma espiral. Crianças e adultos, segundo ele, não estão construindo uma massa muscular funcional e “o comer clássico foi substituído por um consumo descontrolado de comida” ao longo do dia.
Os cientistas analisaram dados de pesquisas, como algumas feitas pela OMS (Organização Mundial da Saúde), governos, e artigos científicos.



Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140529_obesidade_mundo_mdb.shtml

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Aluguel caro pressiona deficit habitacional nas metrópoles

 

Atualizado em  29 de maio, 2014 - 04:39 (Brasília) 07:39 GMT
AP
Trabalhadores sem-teto prometem mais protestos por moradia em São Paulo
A disparada dos preços dos aluguéis está agravando a carência de moradias nos grandes centros urbanos do Brasil.
Um estudo inédito da Fundação João Pinheiro, obtido pela BBC Brasil, revela que o deficit habitacional cresceu 10% entre 2011 e 2012 nas nove metrópoles monitoradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Hoje, são 1,8 milhão de famílias sem residência adequada nessas regiões.
O deficit habitacional é calculado segundo fatores como o total de casas compartilhadas por mais de uma família e as residências com mais de três moradores em média por cômodo. O principal componente do indicador, no entanto, é o peso do aluguel no orçamento familiar.
Se o quadro é negativo nas metrópoles, no restante do país, os números são mais alentadores. No mesmo período, o deficit habitacional recuou 1,6% na contagem nacional, com a redução dos números de residências consideradas precárias e de casas compartilhadas.
Mas ainda há 5,8 milhões de famílias brasileiras sem moradia adequada e o aluguel mais caro - problema que atinge principalmente as grandes cidades - é o principal vilão dessa história.
A situação é pior em São Paulo onde o deficit habitacional cresceu expressivos 18,2% em apenas um ano e 700 mil famílias vivem em residências consideradas inadequadas. A cidade é hoje palco de protestos constantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), organização que defende a regulação dos preços dos aluguéis pelo Estado.

Quantidade de famílias sem moradia adequada

Metrópoles
20112012Variação
Belo Horizonte115.045148.163+28,8%
Curitiba68.83586.820+26,1%
São Paulo592.405
700.259
+18,2%
Fortaleza108.959124.701+14,4%
Rio de Janeiro299.649331.260+10,5%
Recife111.555108.835-2,4%
Porto Alegre95.50486.263-9,7%
Belém73.65565.712-10,8%
Salvador
135.430112.952-16,6%
Total Metrópoles1.601.0371.764.965+10,2%
Total Brasil5.889.3575.792.508-1,6%
Os números foram compilados pela Fundação João Pinheiro, instituto mineiro que há anos estuda o tema em parceria com o Ministério das Cidades.
A análise é feita a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada anualmente pelo IBGE. Além de considerar os resultados agregados dos estados, a Pnad detalha também informações das nove maiores regiões metropolitanas do país – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba e Belém.
Belo Horizonte (29%) e Curitiba (26%) foram as regiões com maior crescimento do deficit habitacional. No Rio de Janeiro, o crescimento foi de 10,5%, e em Fortaleza, de 14%.
Ao calcular a carência habitacional do país, pesquisadores tradicionalmente consideram quatro categorias:
1) Habitações precárias, como locais sem saneamento ou que apresentam riscos;
2) Coabitação familiar, ou seja, quando mais de uma família divide a mesma residência por falta de opção;
3) Gasto excessivo com moradia, que ocorre quando mais de 30% da renda de famílias pobres é comprometida com o aluguel;
4) Excesso de moradores em domicílios alugados, que é registrado quando, em média, mais de três pessoas compartilham um mesmo dormitório na casa.

Aluguel e renda

Apenas famílias com renda total de até três salários mínimos são consideradas na análise do “gasto excessivo com moradia”, explica a pesquisadora da fundação, Raquel Viana.
Reuters
Famílias que ocupavam um terreno da Oi no Rio foram expulsas em abril
Segundo Viana, o comprometimento de mais de 30% da renda dessas famílias com aluguel significa que não sobram recursos suficientes para custear outros gastos essenciais, como alimentação, transporte e saúde.
De janeiro de 2008 até abril de 2014, o valor médio do aluguel subiu 97% em São Paulo e 144% no Rio de Janeiro, por exemplo, segundo o índice Fipe-Zap.
“O aluguel cresceu mais do que a renda da população. É um reflexo do aquecimento da economia e de grandes eventos como a Copa do Mundo”, disse Viana.
O número de famílias pobres que usavam mais de 30% da sua renda para pagar aluguel em 2012 em todo país era de 2,66 milhões, uma alta de 11% ante 2011 e de 35% ante 2007.
“É um aumento expressivo para um período de cinco anos”, afirma Vicente Correia Lima Neto, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que também é especializado no tema.
O deficit habitacional como um todo no país em 2012 era 5% menor que o de 2007. Um estudo mais detalhado que permite comparar dados de 2012 e 2007 de estados e regiões metropolitanas ainda será divulgado pela Fundação João Pinheiro.

Evolução do déficit habitacional no Brasil

200720112012Variação em cinco anos
Total6.102.4145.889.3575.792.508-5,1%
Aluguel muito caro1.965.9812.388.3162.660.348+35,3%
Habitação precária1.264.4141.187.903883.777-30,1%
Coabitação familiar2.481.1281.916.7161.865.457-24,8%
Adensamento excessivo390.891396.422382.926
-2,0%

Menos qualidade de vida

Guilherme Boulos, um dos líderes do MTST, diz que o aumento do aluguel força as famílias a se mudarem para regiões cada vez mais distantes do centro das cidades, onde a oferta de serviços públicos é ainda menor. Outro problema, afirma ele, é que essa mudança aumenta o tempo perdido no deslocamento dessas pessoas para o trabalho.
“O aluguel muito caro causa uma piora geral na qualidade de vida. É isso que está impulsionando as ocupações no país todo. Ocupar é a única alternativa ao aluguel abusivo”, afirma.
As maiores ocupações de terrenos ociosos pelo MTST estão em São Paulo: atualmente, 8 mil pessoas participam da Nova Palestina (zona sul), e outras 4 mil da Copa do Povo, que fica em Itaquera (zona oeste), bairro que abrigará a abertura da Copa do Mundo.
“As pessoas estão sendo expulsas para longe. Se já era ruim viver em Itaquera, é ainda pior em Ferraz de Vasconcelos”, acrescenta, referindo-se a um município na região metropolitana de São Paulo.
O MTST defende a adoção de uma lei que limite o reajuste do aluguel à inflação. Atualmente, os valores costumam ser reajustados pelo IGP-M a cada ano, mas, quando vence o contrato, que em geral é de 30 meses no Brasil, não há limite para o aumento do preço. O que regula o aluguel no país hoje é o livre mercado, ou seja, a “lei da oferta e da demanda”.
Getty Images
Ocupação do MTST em Itaquera, zona oeste de São Paulo, tem 4 mil pessoas

Minha Casa, Minha Vida

Boulos diz que o principal programa de habitação do governo federal, o "Minha Casa, Minha Vida", não resolve o problema da população mais pobre porque, como os terrenos estão muito caros, as construtoras que participam do programa destinam apenas áreas muito afastadas para habitações voltadas para o público de menor renda.
A professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Paula Santoro diz que a política habitacional do governo acaba alimentando o encarecimento dos aluguéis, porque estes tendem a acompanhar o preço dos imóveis.
O aumento do crédito habitacional e a ampliação do limite do valor do imóvel que pode ser comprado com recursos do FGTS acabam viabilizando que casas e apartamentos sejam negociados por valores cada vez maiores, afirma.

Déficit habitacional nos Estados

Estados em que mais subiu o déficit em 2012:Acre (+30%), Sergipe (+14%), Mato Grosso (+13%), Minas Gerais (12,5%), Rio de Janeiro (8,4%) e São Paulo (7,3%).
Estados em que mais caiu o déficit em 2012:Amapá (-35%), Roraima (-23%), Mato Grosso do Sul (-20%), Rondônia (-18,6%), Bahia (-16,5%) e Rio Grande do Sul (-13%)
Para romper este ciclo, diz Santoro, os governos deveriam mudar o foco da política habitacional, incentivando o aluguel social. Ela defende que as prefeituras tenham imóveis próprios que sejam alugados para famílias de baixa renda por preços subsidiados. Isso é adotado em países europeus, como Portugal e Alemanha, diz, embora ressalte que a crise econômica tem deteriorado essas políticas no velho continente.
“A política atual [do Brasil] é uma política econômica de estímulo à construção civil e ao emprego, mas não uma política habitacional”, critica.
Lima Neto, do Ipea, também defende o aluguel social, focado na baixa renda. Na sua avaliação, não é necessário fazer um controle do aluguel generalizado, como propõe o MTST, o que atingiria todas as classes de renda.
“A solução da moradia não é necessariamente dar um lote. Mas o problema é que existe uma cultura patrimonialista muito forte no Brasil. O brasileiro quer ter posse da sua casa”, ressalta.
A presidente Dilma Rousseff disse em dezembro de 2013 que 1,4 milhão de residências haviam sido entregues à população pelo "Minha Casa, Minha Vida". Outras duas milhões de moradias foram contratadas pelo governo federal, por meio do programa, segundo ela.
A BBC Brasil entrou em contato na segunda-feira com o Ministério das Cidades para que o governo se manifestasse sobre o assunto, mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem.


Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140527_deficit_habitacional_ms.shtml

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Falta de dinheiro para vacinar cães causa 'milhares de mortes' por raiva


Atualizado em  27 de maio, 2014 - 16:19 (Brasília) 19:19 GMT
Cachorro abandonado após enchentes na Bósnia (AP)
Organização diz que custos da prevenção da raiva ainda são relativamente altos
A falta de recursos para a vacinação de cachorros está provocando a morte, anualmente, de milhares de crianças em vários países do mundo.
O diretor da Organização Internacional da Saúde Animal (OIE), Bernard Vallat, disse à BBC que o assassino invisível - o vírus causador da raiva, ou hidrofobia - poderia ser eliminado por um décimo dos custos de tratamento de um paciente.
Uma das doenças mais antigas de que se tem conhecimento no mundo, a raiva é transmitida normalmente pelo contato com a saliva de cães ou morcegos infectados.
Segundo as estimativas mais recentes, a raiva mata cerca de 55 mil pessoas anualmente. Cerca de 40% das vítimas têm menos de 15 anos de idade.
O vírus afeta o sistema nervoso central e provoca inchaço no cérebro. Se não é tratada a tempo, a doença torna-se incurável.

Prevenção

Em 1885, os cientistas Louis Pasteur e Emile Roux desenvolveram uma vacina que, desde então, salvou milhões de pessoas da raiva.
Ela também foi usada para erradicar a doença em várias partes do mundo, eliminando o vírus de cachorros e outras espécies que podem transmitir a infecção, incluindo raposas.

Raiva

  • A raiva (ou hidrofobia) está presente em mais de 150 países e territórios
  • 40% das pessoas afetadas são crianças com menos de 15 anos
  • Cães infectados respondem por 99% das mortes em humanos
  • Limpeza da ferida e imunização logo nas primeiras horas após o contato com um animal suspeito de estar infectado podem impedir que a pessoa contraia a doença e morra
  • A cada ano, mais de 15 milhões de pessoas no mundo são tratadas após suposta exposição ao vírus - calcula-se que 327 mil mortes sejam evitadas dessa forma
Mas os custos da vacinação preventiva continuam relativamente altos - e isso significa que a doença continua presente, por exemplo, em regiões pobres da Ásia.
As vítimas com frequência são crianças que se aproximam dos animais sem saber dos riscos.
E como crianças muito pequenas não são capazes de contar aos pais o que lhes aconteceu, profissionais de saúde temem que o número total de vítimas do vírus seja bem maior do que as estimativas oficiais.
Em palestra durante o congresso anual da OIE em Paris, Vallat afirmou que investimentos internacionais para a erradicação da doença são escassos.
"Mesmo quando mostramos que o custo de vacinar cachorros é 10% do custo de tratar pessoas mordidas por cães no mundo, não somos capazes de convencer os doadores", ele disse à BBC.
Vallat comparou a falta de investimentos no combate à raiva às manchetes que geradas pela descoberta, recentemente, do vírus da Mers (sigla em inglês para Síndrome Respiratória do Oriente Médio).
"A raiva está em um número pequeno de países, não é visível. Temos cerca de 70 mil crianças morrendo, anualmente, com dores terríveis, e a mídia não fala disso, fala da Mers, que matou 200 pessoas bem idosas".

Vacinas ruins

Outra razão para preocupação é o fato de que algumas das vacinas usadas atualmente para prevenir a raiva em cães e outros animais serem de qualidade inferior à desejada. Isso pode, na verdade, piorar a situação.
"Há vacinas bem baratas para a raiva, são vacinas atenuadas (em que o vírus encontra-se vivo porém, sem capacidade de produzir a doença)", explicou Vallat. "Se não forem controladas, você pode acabar infectando os animais com o vírus".
"Nosso padrão é usar vacinas inativas, (com as quais) o animal cria anticorpos com base em um vírus que não está vivo".



Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140527_hidrofobia_mv.shtml

terça-feira, 27 de maio de 2014

Manifestação contra o aborto reúne cerca de 3 mil pessoas no Chile

27/05/2014 02h58 - Atualizado em 27/05/2014 02h58

Mobilização ocorre após governo sinalizar legalização em três situações.
Médico aponta que 30 mil abortos clandestinos ocorrem por ano no país.

Da EFE
Uma manifestação contra a descriminalização do aborto terapêutico reuniu nesta segunda-feira (26) no Chile cerca de 3 mil pessoas em frente ao Palácio de la Moneda, sede do Executivo, liderada pela fundação Chile Siempre e parlamentares da direita.

A mobilização ocorre depois que a presidente anunciou no dia 21 de maio que vai promover um projeto de lei para descriminalizar o aborto em três situações: quando há risco de vida para mãe, em caso de estupro ou se o feto tem problemas congênitos e seu nascimento é inviável.
Os presentes, todos com camisas coloridas, denunciaram uma eventual legalização do que consideram "a pena de morte daquele que ainda vai nascer", depois que a presidente Michelle Bachelet anunciou essa iniciativa na última quarta-feira (21).
"Estamos participando desta mobilização e não só nos juntamos e solidarizamos, mas viemos para apoiar o trabalho que cumprimos no Parlamento, que tem a ver com a defesa da vida", disse o deputado de oposição Gustavo Hasbún, em declarações ao site do jornal 'El Mercurio'.
Hasbún participou da manifestação junto com Arturo Squella, Javier Macaya e Romilio Gutiérrez, todos parlamentares do partido conservador União Democrata Independente (UDI), e o senador do Renovação Nacional (RN), Francisco Chahuán.
Hasbún garantiu que a manifestação é para lembrar o governo de Bachelet que não vão aceitar "a legalização da pena de morte para as crianças que ainda vão nascer".
Repercussão
O anúncio do projeto de lei provocou diversas reações no mundo político e científico local. No partido Amplitude, de centro-direita, um dissidência do RN, a senadora Lily Pérez opinou em uma entrevista à rádio 'Cooperativa' que, em caso de risco de vida para a mãe e inviabilidade do feto, estariam de acordo com a descriminalização do aborto, já que consideram "que resguardar a vida da mãe não pode ser considerado aborto, porque não há um esforço intencional para prejudicar um terceiro".
No entanto, no caso de estupro a discussão é mais "complexa", segundo Lily, já que nesse caso "há diretamente uma decisão; já não se trata de resguardar a vida da mãe, nem de uma morte intrauterina, mas de uma decisão sobre uma pessoa que está em desenvolvimento e que não está apresentando nenhuma das características anteriores, que impeça que ela viva depois de nascer".
Por sua vez, o presidente do Colégio Médico do Chile, Enrique París, afirmou ser a favor de abrir a discussão sobre um projeto de interrupção da gravidez em casos específicos. París disse à 'Cooperativa' que não compartilha a visão dos setores que se opõem à iniciativa que busca descriminalizar o aborto para os casos de inviabilidade do feto, risco da vida da mãe e estupro.
"O Colégio Médico em seu Departamento de Ética não tomou uma decisão ainda, mas vai tomar. Eu acho que o que disse a presidente, que eu acho muito bom, é que é preciso abrir o debate", declarou.
Segundo o titular dos médicos existem mais de 30 mil abortos clandestinos por ano e é necessário encontrar uma solução "que siga pelo caminho da educação", disse.



Fonte http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/05/manifestacao-contra-o-aborto-reune-cerca-de-3-mil-pessoas-no-chile.html