domingo, 30 de novembro de 2014

Como lucrar a Indulgência no Ano da Vida Consagrada

2014-11-30 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

A Penitenciaria Apostólica divulgou nesta sexta-feira o Decreto Urbis et Orbis que estabelece os pré-requisitos para lucrar a Indulgência Plenária por ocasião do Ano da Vida Consagrada, celebrado entre o domingo próximo, 30 de novembro, e 2 de fevereiro de 2016.
Podem lucrar a indulgência – observadas a confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Santo Padre - todos os membros dos Institutos de Vida Consagrada  e fiéis verdadeiramente arrependidos e movidos pelo espírito de caridade que:
- Em Roma participarem de Encontros  Internacionais e celebrações determinadas pelo calendário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, e após dedicar  um tempo considerável a pias considerações, rezarem o Pai Nosso, a Profissão de Fé e fizerem invocações a Virgem Maria;
- Em todas as igrejas particulares, cada vez que, nos dias diocesanos dedicados à vida consagrada, piamente visitarem a catedral ou outro lugar sagrado designado com o consenso do Ordinário do lugar, ou uma igreja conventual ou o oratório de um Mosteiro de clausura e nestes locais recitarem publicamente a Liturgia das Horas ou por um considerável período de tempo se aplicarem a pias considerações, concluindo-as com o Pai Nosso, a Profissão de Fé em qualquer forma legitimamente aprovada e pias invocações a Virgem Maria.
Os membros dos Institutos de Vida Consagrada que, por motivo de doença ou outra causa grave estiverem impossibilitados de visitar estes locais sacros, poderão da mesma forma obter a Indulgência Plenária se “totalmente livres de qualquer pecado e com a intenção de poder cumprir o quanto antes as três habituais condições, realizem a visita espiritual com profundo desejo e ofereçam as doenças e os cansaços da própria vida a Deus misericordioso por meio de Maria, acompanhado das orações acima citadas”.
Para facilitar o acesso a esta graça divina, através das “chaves da Igreja”, o Decreto, assinado pelo Penitenciário Mor Cardeal Mauro Piacenza em 23 de novembro, Solenidade de Cristo Rei, pede que os canônicos peninteciários, os capitulares, os sacerdotes dos Institutos de Vida Consagrada e todos os outros com a faculdade de ouvir confissões, se ofereçam “com espírito disponível e generoso à celebração do sacramento da Penitência e administrem frequentemente a Santa Comunhão aos enfermos”.
O presente Decreto é válido para o Ano da Vida Consagrada, salvo disposições em contrário.(JE)

sábado, 29 de novembro de 2014

Carta do Papa Francisco aos consagrados e consagradas

2014-11-29 Rádio Vaticana
Na carta o Papa Francisco, partindo das indicações contidas na Exortação Apostólica sobre a Vida Consagrada de S. João Paulo II, elenca três objectivos prioritários para a celebração deste novo Ano da Vida Consgrada: antes de mais a necessidade de “olhar para o passado com espírito de gratidão” por forma a fazer permencer viva a própria identidade sem nunca fechar os olhos perante as incoerências, frutos da fraqueza humana, mas também fruto do oblio de alguns aspectos essenciais do carisma da vida consagrada.
O Segundo objectivo indicado pelo Papa Francisco é a “necessidade de viver o presente com paixão” vivendo plenamente o Evangelho no espírito de comunhão. Finalmente, o terceiro obectivo consiste em “abraçar o futuro com esperança” sem nunca deixar-se desencorajar pelas inúmeras dificuldades que afetam a vida consagrada, a começar pela crise das vocações. Neste sentido, advertiu o Santo Padre, dirigindo-se de modo particular aos mais jóvens, “não cedais à tentação dos números  e da eficiência, nem tão pouco à tentação de confiar esclusivamente nas vossas experiências pessoais”.
A fantasia da caridade, escreve ainda o Papa Farncisco, não conhece limites e precisa de entusiasmo para levar o Evangelho às culturas e aos diversos âmbitos sociais. Saber transmitir a alegria  e a felicidade da fé vivida na comunidade, faz crescer a capacidade de atração da Igreja. Neste sentido, recordou o Santo Padre, é o testemunho do amor fraterno, da solidariedade e da partilha a conferir um valor à Igreja. Essa mesma Igreja que deve ser a “mó” ou “laboratório” dos profetas que como tais devem ser capazes de discernir a história na qual vivem e de interpretar os eventos, denunciando o mal, o pecado e as injustiças.
A expetativa, não é portanto, segundo o Papa Francisco,  manter vivas as utopias, mas sim saber criar “outros lugares” nos quais poder viver segundo a lógica do Evangélica do dom, da fraternidade, da diversidade e do amor recíproco. Neste sentido, recorda o Papa Francisco, o lugar ideal para que tudo isso possa ser realizado permanecem os Institutos de vida consagrada a que cada um pertence e que não devem ser transformados numa realidade isolada, numa espécide de ilha.
Neste sentido o Papa Francisco faz votos para que este ano da Vida Consagrada possa ser uma ocasião propícia para se estabelecer uma maior e renovada colaboração entre as diferentes comunidades de vida consagrada e mesmo entre Igrejas diferentes, no acolhimento dos emigrantes, dos refugiados, na cura dos pobres, no anúncio do Evangelho e na iniciação à vida da oração.
Nesta carta aos consagrados e consagradas, o Papa Francisco evoca também o papel importante dos leigos, que juntamente aos consagrados partilham os ideais, o espírito e a missão da Igreja. Neste sentido o Santo Padre exorta os seus irmãos no episcopado a serem solícitos na promoção dos diversos carismas, sustentando, animando e ajudando no discernimento por forma a fazer resplandecer a beleza e a santidade da vida consagrada na Igreja nas respetivas comunidades.    

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

CNBB reforça luta contra a Aids

2014-11-28 Rádio Vaticana
Brasília (RV) - 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o apoio da Pastoral da Aids e do Ministério da Saúde (MS), lançou na tarde desta quinta-feira, dia 27, a Campanha “Cuide bem de você e de todos que você ama”. A iniciativa visa a ampliação da testagem do HIV, vírus da Aids.
O evento de abertura ocorreu na sede da CNBB, em Brasília (DF), com a participação do Secretário-Geral, Dom Leonardo Steiner e do Ministro da Saúde, Arthur Chioro; entre outros.
Na ocasião, Dom Leonardo Steiner afirmou que "uma ação que tem por objetivo dar vida melhor às pessoas não pode deixar de ter o apoio da CNBB". Ele recordou a atuação da Igreja com as pessoas que vivem com o vírus da Aids. “Talvez tenha sido a Igreja a primeira a acolher e ir ao encontro das pessoas. Nós estamos dando apenas continuidade e estamos dando um grande passo para que as pessoas possam, o quanto antes. fazer o teste e assim serem acompanhadas”, disse.
De acordo com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, nos 30 anos de luta conta a Aids no Brasil aconteceram inovações tecnológicas e avanços no tratamento, fazendo com que atualmente haja uma naturalidade em relação às infecções. “É verdade que temos grupos na população que têm de 12 a 24 vezes mais chances de ter a infecção com o HIV, mas é importante que a sociedade brasileira, e particularmente os jovens, tenham a noção muito clara de que o HIV vai também expor à infecção pessoas que não fazem parte desses grupos”, ressaltou.
Segundo dados do Ministério da Saúde, são 720 mil pessoas que vivem com HIV/Aids no Brasil e 350 mil estão em tratamento. Além disso, cerca de 150 mil pessoas vivem com HIV e não sabem. A Pastoral da Aids orienta que, apesar da Aids não ter cura, “o diagnóstico precoce do HIV e o tratamento possibilitam que a doença não se desenvolva e a pessoa continue saudável”.
A iniciativa da Pastoral da Aids irá somar a organização da Igreja no Brasil, por meio da CNBB, às suas atividades de prevenção, informação e acompanhamento das pessoas que vivem com HIV/Aids. As dioceses, prelazias e paróquias irão incentivar a realização do teste pelas pessoas. O Ministério da Saúde informou que deixará disponível toda a Rede do SUS, com Centros de Saúde e de Aconselhamento, para atendimento dos interessados em diagnosticar o vírus e aqueles que precisam de tratamento.
(CNBB/BF)
(from Vatican Radio)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Brasil dá salto em sobrevivência a câncer de mama e próstata, diz estudo

Foto: BBC

Taxas de sobrevida 'indicam melhoria de tratamento e diagnóstico na detecção e tratamento de cânceres'
O Brasil deu importantes saltos nas taxas de sobrevivência de câncer de mama e próstata, segundo estudo publicado nesta quarta-feira na edição online do periódico especializado The Lancet.
O estudo mapeou diversos tipos de tumores em 67 países e quantas pessoas sobreviviam a eles cinco anos após seu diagnóstico.
A partir de dados de diagnósticos e óbitos analisados em sete cidades brasileiras, abrangendo cerca de 80 mil casos, concluiu-se que a porcentagem de sobrevivência de pacientes com câncer de mama subiu de 78,2% entre 1995 e 1999 para 87,4% entre 2005 e 2009 (dados mais recentes). O índice se assemelha ao de alguns países desenvolvidos.
Na análise de pacientes de câncer de próstata, a sobrevivência aumentou de 83,4% em 1995-99 para 96,1% em 2005-09.
"Isso parece indicar uma melhoria na qualidade do tratamento e um aumento na detecção precoce dessas doenças no país", disse à BBC Brasil Gulnar Azevedo e Silva, coautora do artigo do Lancet e pesquisadora e professora associada do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. "Mostra que o Brasil melhorou muito na atenção a alguns tipos de câncer."
No entanto, os dados analisados por Azevedo no mesmo período sugerem uma piora nas taxas de sobrevivência a outros tipos mais letais - e de diagnóstico mais difícil - de câncer, como estômago (índice caiu de 33% para 25%), fígado (de 16% para 11,6%) e leucemia em adultos e crianças (de 34,3% para 20,3% e de 71,9% para 65,8%, respectivamente).
Para a especialista, isso pode não necessariamente significar que os brasileiros estão morrendo mais dessas doenças, mas sim que ficou mais fácil o acesso aos dados de mortalidade analisados pelo estudo entre 1995 e 2009.
"Acredito que, antes, muitos desses casos, ainda que letais, não eram registrados como casos de câncer e portanto nós (pesquisadores) não tínhamos como identificá-los. Portanto, essas porcentagens podem não ser totalmente comparáveis", diz.
"Mas também parece não ter havido uma melhora no acesso ao diagnóstico e ao tratamento. Não é um problema só daqui - os índices foram semelhantes em outros países da América Latina."
No Chile e em Cuba, por exemplo, as taxas de sobrevivência em câncer de estômago são de 18% e 26,2%. Mas o índice chega a ser bem mais alto em alguns países desenvolvidos: no Japão, ela sobe para 54%, mais que o dobro da taxa brasileira.
Para Azevedo, o país precisa manter o foco na detecção precoce dos tumores e investir para que a qualidade do tratamento dos cânceres se torne mais igualitária nas diversas partes do país.
Foto: Thinkstock
Acesso a tratamento e diagnóstico tem grandes diferenças em vários países do mundo

Disparidades no mundo

O estudo, o maior mapeamento internacional já feito para analisar a sobrevivência de 11 tipos de câncer, envolveu cerca de 26 milhões de casos em 67 países, mas concluiu que os dados de sobrevida de pacientes ainda são escassos.
Uma das principais conclusões, a partir dos dados existentes, é que existe uma grande disparidade entre países na eficiência de sistemas de saúde em diagnosticar e tratar as doenças. Isso faz com que cânceres sejam muito mais letais em alguns países do que em outros.
"A sobrevivência em cinco anos de crianças com leucemia aguda linfoblástica é de menos de 60% em diversos países, mas chega a 90% no Canadá e em quatro países europeus, o que indica grandes deficiências no gerenciamento de uma doença altamente curável", diz o levantamento.
No Brasil, a taxa de sobrevivência dessa doença foi de 65,8% até 2009.
"As comparações de tendências internacionais revelam diferenças muito amplas de sobrevivência, que provavelmente podem ser atribuídas a diferenças no acesso a diagnósticos precoces e tratamento ideal", prossegue o texto.
"A continuidade da observação da sobrevida ao câncer deve se tornar uma fonte indispensável de informação para pacientes e pesquisadores e um estímulo para políticos, que devem melhorar leis e sistemas de saúde."
Por um lado, o estudo afirma que "o fardo global do câncer está crescendo, particularmente em países de renda baixa e média", que têm de "implementar estratégias efetivas de prevenção" com urgência e pensar, no longo prazo, em estratégias de prevenção.
Por outro, houve melhorias consistentes na sobrevida de pacientes de câncer de próstata, intestino e mama em diversos países do mundo.
Já os tumores malignos de fígado e pulmão continuam sendo letais no mundo inteiro, com taxas de sobrevida ainda baixas (no Brasil, cerca de um terço dos pacientes sobrevive após cinco anos).

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/11/141124_cancer_lancet_sobrevivencia_pai

A "Igreja dos Pobres" na articulação do Concílio

2014-11-27 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar das redes de relações no Concílio, falando na edição de hoje, das redes constituídas durante o evento conciliar, com destaque para a “Igreja dos Pobres”.
Nas edições passadas, tratamos das redes de relações já existentes e que foram reforçadas durante o evento conciliar. Hoje, falaremos das redes que se estabeleceram durante as sessões. O Padre José Oscar Beozzo, na tese “Padres Conciliares Brasileiros no Concílio Vaticano II”, cita três destas redes: o Ecumênico, a Igreja dos Pobres e o Coetus Internationalis Patrum.
O grupo chamado por Dom Helder Câmara de "Ecumênico" tinha a sua frente o Cardeal de Malines-Bruxelles Dom Leo Joseph Suenens, um dos moderadores do Concílio. Tinha o apoio secretarial da Conferência Episcopal Francesa e buscava articular diversas Conferências Episcopais. Também era denominado de "Conferência dos 22", em referência ao número de conferências episcopais e organismos que o compunham, como por exemplo, o CELAM.
O episcopado brasileiro teve intensa participação nesta rede, mesmo com as mudanças ocorridas na Presidência da CNBB ao final da terceira sessão. O grupo reunia-se na Domus Mariae, mas tinha sua secretaria geral no Colégio Francês. Inicialmente, os encontros eram realizados nas terças-feiras, passando mais tarde, a serem realizados nas sextas-feiras. O CELAM convidava, mas era a França que fazia todo o trabalho, como cuidar da organização e policopiar.
Já o grupo "Igreja dos Pobres", era formado inicialmente por dois grupos principais de 9 bispos brasileiros e 11 de língua francesa. Posteriormente o grupo brasileiro cresceu, passando a contar com 16 bispos.
Ao final da quarta sessão, o grupo mais permanente de 39 bispos, selou em 16 de novembro de 1965 - numa concelebração discreta realizada na Catacumba de Santa Domitilia - um compromisso com a pobreza e o serviço aos mais pobres, assinando o que passou a ser conhecido como "O Pacto das catacumbas". Este compromisso, recolheu a assinatura de mais de 500 padres conciliares.
Na tese 'Padres Conciliares brasileiros no Vaticano II', Padre José Oscar Beozzo traz o depoimento do Bispo de Crateus, Dom Antonio Fragoso, um dos brasileiros participantes deste grupo que se reunia no Colégio Belga:
"Éramos 36 bispos, um Patriarca, Maximos IV, alguns cardeais, entre eles Giacomo Lercaro e uns arcebispos e bispos. De bispos, lembro-me de Mons. Himmer de Tournai, da Bélgica, de mim e de outros não me lembro. O grupo começou na primeira sessão. Tínhamos como secretários Paul Gauthier e Marie Therèse Lescase. O tema era a Igreja e os Pobres, começando pela identidade entre Jesus e os pobres. Lembro-me do argumento central: quando afirmamos a identidade entre Jesus e o pão consagrado: 'isto é o meu corpo', nós o adoramos e tiramos consequências para nossa espiritualidade, liturgia e tudo mais. Quando se afirma a identidade entre ele e os que não tem pão, casa, nós não tiramos as consequências para a espiritualidade, liturgia, ação pastoral. Lembro-me que, na sessão final, fomos celebrar, numa das catacumbas, a eucaristia final. Assinamos um compromisso nosso com os pobres: dar uma atenção prioritária aos pobres (não ter dinheiro em banco, patrimônio) e este compromisso chegou a ser assinado por 500 bispos".
Padre Beozzo fala ainda sobre uma dura descoberta feita por Dom Fragoso: "O Concílio permitiu-me descobrir (a releitura foi feita depois) que os pobres não estavam no coração e no horizonte dos bispos. Por isto, o Concílio não deu maior atenção ao tema. O concílio permitiu-me sair daquele pessimismo sobre a natureza e dar-me alegria, mas não o vi se reconciliando com os pobres". (JE)
(Fonte: Padres conciliares brasileiros no Vaticano II: Participação e Prosopografia. 1959 - 1965. Pe. José Oscar Beozzo)


(from Vatican Radio)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

'Tenho que doar sangue': pensamento diário para agir e abraçar a causa

2014-11-25 Rádio Vaticana
Porto Alegre (RV) - Hoje é o Dia Nacional do Doador de Sangue, um ato voluntário que pode salvar até quatro vidas numa única doação. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, apenas 1,8% da população doa sangue. E se você sempre pensou em fazer parte de uma campanha solidária, como sugere a médica Eliete Pereira de Porto Alegre, esta é a hora! Porque é importante lembrar: não falta sangue. Falta doador voluntário de sangue. A reportagem é de Andressa Collet.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Milhares de pessoas marcham em Madri para pedir "erradicação" do aborto


Madri, 22 nov (EFE).- Cerca de 60 mil pessoas convocadas por diferentes organizações marcharam neste sábado em Madri para pedir ao governo central da Espanha que cumpra sua promessa eleitoral e "erradique" o aborto da legislação espanhola.
Sob o lema "Cada vida importa", os manifestantes contaram com a presença de alguns destacados militantes do PP, o partido governista, como a prefeita da capital, Ana Botella, e vários deputados e senadores.
A atual legislação em matéria de aborto foi aprovada em 2010 pelo Executivo socialista de José Luis Rodríguez Zapatero.
Atualmente o aborto é permitido até a 14ª semana de gestação, ou até a 22ª, desde que possa comprometer a vida ou a saúde da gestante ou constatada malformação no feto.
Em novembro de 2011, o PP ganhou as eleições por maioria e em seu programa figurava que modificaria a legislação para favorecer o direito à vida, sem dar muitos detalhes.
Em dezembro de 2013, o governo de Mariano Rajoy aprovou um projeto para suprimir a atual lei por uma que tornaria legal dois casos para a interrupção da gravidez: estupro e risco físico ou psíquico para a mãe.
O projeto gerou uma forte polêmica na sociedade e diferenças inclusive no seio do PP, até que no último mês de setembro o governo retirou sua iniciativa, o que levou o ministro da Justiça, Alberto Ruiz-Gallardón, a apresentar sua renúncia.
Essa decisão não agradou uma parte do PP e de seu eleitorado, e, por isso, várias organizações convocaram hoje uma marcha para deixar patente seu desgosto com o governo.
Ao final da passeata, o presidente do Fórum da Família, Benigno Blanco, pediu ao gabinete de Rajoy que "erradique" o aborto e as leis que o incentivam e lhe lembrou que os manifestantes não são "reféns" de ninguém e seu voto só é "prisioneiro" de seus ideais.
Segundo Blanco, se o governo derrubar a atual lei do aborto, "a sociedade saberá recompensá-lo com o voto".
Por isso, o ativista convocou os manifestantes - 60 mil, segundo a polícia, e 1,4 milhão, segundo os organizadores - a comparecer a uma nova marcha contra o aborto no próximo dia 14 de março. EFE

sábado, 22 de novembro de 2014

Um grito capaz de sacudir o mundo


2014-11-22 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

Na última quinta-feira, 20/11, o Papa Francisco deixou o Vaticano e percorreu as ruas da Cidade Eterna até a sede da FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, onde fez um discurso durante os trabalhos da 2ª Conferência Internacional sobre Nutrição, que teve início na quarta-feira, 19, e se encerrou na sexta-dia, 21. O Papa Francisco foi a personalidade mais esperada por representantes de mais de 170 países presentes nesta Conferência Internacional.
No seu discurso, falando em nome de quase um bilhão de pessoas esquecidas e que todas as noites vão dormir sem comer, o Sucessor de Pedro não mediu palavras para denunciar o grande absurdo da fome no mundo. Disse com voz pausada, em espanhol, que “dói constatar que a luta contra a fome e a desnutrição tem como obstáculo a prioridade dos mercados e a preeminência da ganância, que reduziram os alimentos a uma mercadoria qualquer".
O Papa saiu em defesa do direito à alimentação e o direito à vida e recordou a “obrigação moral de partilhar a riqueza econômica do mundo”. “Pessoas e povos exigem que a justiça seja colocada em prática; não apenas a justiça legal, mas também a contributiva e a distributiva”.
A mensagem do papa Francisco mais uma vez é clara, sem ambiguidades ou mal-entendidos: o homem faminto precisa de dignidade, não de esmola. E advertiu: “não podemos continuar a nos esconder por detrás de sofismas, manipulações de dados, presumíveis estratégias de segurança nacional, crises econômicas. “O faminto – recordou – está ali, na esquina da rua, e pede seu direito de cidadania, pede para ser considerado na sua condição, para receber uma alimentação sadia. Pede-nos dignidade, não esmola».
O direito à alimentação só será garantido se houver preocupação “com o sujeito real, ou seja, com a pessoa que sofre os efeitos da fome e da desnutrição”.
Já nos dias passados o Santo Padre falando no Vaticano aos participantes do Encontro Mundial dos Movimentos Populares ressaltou que é preciso erradicar a fome, assegurar a dignidade a todos, sobretudo aos mais pobres e marginalizados. Não se vence “o escândalo da pobreza promovendo estratégias de contenção que servem unicamente para transformar os pobres em seres domésticos e inofensivos”. Quem reduz os pobres à "passividade", disse, Jesus "os chamaria de hipócritas".
Francisco ainda em uma recente mensagem à Caritas por ocasião do lançamento de uma Campanha Mundial contra a fome já levantara a sua voz afirmando que é preciso acabar "com o escândalo mundial" de milhões de pessoas a quem faltam alimentos. Estamos perante o escândalo mundial de um bilhão de pessoas que ainda hoje têm fome. Não podemos virar as costas e fazer de conta que isto não existe. “Os alimentos que o mundo tem à disposição podem saciar todos”.
E como fez São João Paulo II nesta mesma sede  da FAO em 1992 durante a primeira conferência sobre a alimentação, Francisco advertiu contra o risco de perseverar no “paradoxo da abundância”, continuando a proclamar que há alimento para todos mas nem todos podem comer, “enquanto o desperdiço, o descarte, o consumo excessivo e o uso de alimentos para outros fins estão diante dos nossos olhos”. Uma situação que aliás tem a sua confirmação na falta de solidariedade que distingue a nossa sociedade cada vez mais individualista e submetida às lógicas de mercado. A solidariedade é “uma palavra que inconscientemente queremos tirar do dicionário”.
“Quando falta a solidariedade num país todos ressentem disso", disse o Papa: homens, mulheres, crianças, idosos devem poder contar sempre com a ajuda de todos e ter a garantia de serem sempre protegidos. Proteção da qual tem imediatamente grande necessidade também «a nossa irmã e mãe terra" concluiu o Papa. Devemos "preservar o planeta" exortou, porque se é verdade que "Deus perdoa sempre» também é verdade que «a terra nunca perdoa" e a criação corre o risco de se encaminhar para a autodestruição.
O Papa concluiu fazendo um apelo à comunidade internacional para que saiba escutar o chamado desta Conferência e considere esse chamado uma expressão da comum consciência da humanidade: dar de comer aos famintos para salvar a vida no planeta. Em cada oito pessoas no mundo, duas não têm a alimentação necessária e não é porque faltam alimentos, mas porque estão mal distribuídos. Francisco convida todos, Igreja e sociedade, a “dar voz a todas as pessoas que sofrem silenciosamente de fome, para que esta voz se converta num grito capaz de sacudir o mundo”. (Silvonei José)
(from Vatican Radio)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Arcebispo Toso: democracia seja inclusiva como pede o Papa Francisco

2014-11-21 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

Inicia-se na noite desta quinta-feira em Verona – nordeste da Itália –, com uma videomensagem do Papa Francisco, a quarta edição do Festival de Doutrina, promovido pela Fundação Toniolo. A primeira mesa-redonda terá como tema "O tempo é superior ao espaço", retomado da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Entre os relatores encontra-se o secretário do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Dom Mario Toso, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Dom Mario Toso:- "O tema evoca um dos princípios indicados pelo Papa na Evangelii Gaudium como necessários para construir povos em paz, justiça e fraternidade. Na recompactação de um povo – algo de que hoje se tem grande urgência – é imprescindível que administradores e políticos não se fossilizem na ocupação do poder unicamente para mantê-lo em vista de vantagens pessoais, sem preocupar-se em iniciar processos de reformas e políticas a serviço do bem comum. Mas é também necessário que, diante de uma grave crise em que todos se encontram envolvidos, os vários sujeitos sociais não se limitem a olhar para os próprios males, fechando-se em si mesmos, sem levar em consideração os problemas dos outros, particularmente dos mais pobres e dos que perderam o trabalho. Pensar poder superar sozinho as dificuldades, aumentando o desinteresse por quem sofre e pelos mais fracos, bem como pelos jovens, é uma ilusão. Somente juntos se pode se salvar. Pode-se, portanto, sair da crise indo "além" da situação atual que apresenta a sociedade fragmentada e contraposta em seus setores: considerando-se parte uns dos outros, unificando as múltiplas energias de bem existentes que não aparecem, tornando-se "povo", ou seja, uma multidão moralmente convergente, que libera suas potencialidades de solidariedade e de colaboração."
RV: A seu ver, qual a contribuição específica que o Papa Francisco está dando para a Doutrina Social da Igreja, considerando inclusive seus últimos pronunciamentos, como, por exemplo, aos movimentos populares?
Dom Mario Toso:- "Trata-se de uma contribuição em continuidade com a de seus predecessores, mas que é também original. Creio que dê sua contribuição mais específica quando evidencia e ilustra a dimensão social da fé e da evangelização, o amor aos pobres, a partir do realismo da encarnação, que chama todos os fiéis e as comunidades a "sair" e à mobilização, porque Cristo está em toda pessoa que sofre e deve ser acolhido e amado concretamente. Sobre isso se será julgado. Nestes últimos tempos, o Papa Francisco, com seus discursos dirigidos a vários grupos, a médicos, a juristas, movimentos populares, membros e consultores dos dicastérios, vai completando sua mensagem a propósito de uma democracia mais elevada, mais social e participativa, inclusiva, evocando, para todos, terra, casa, trabalho, instrução, assistência médica, um sistema penal não meramente punitivo ou a serviço dos poderosos de turno, pedindo ainda, ao mesmo tempo, políticas econômicas focadas na dignidade e no bem comum, reformas dos sistemas financeiros, aplicação de uma economia mundial sadia, a superação daquelas teorias neoliberais que absolutizam a autonomia da economia e da finança em relação ao bem comum e à política."
RV: Ultimamente, o Papa Francisco tem recordado que família está em crise e submetida a pressões ideológicas. Como a Doutrina Social pode ajudar esta célula fundamental da sociedade?
Dom Mario Toso:- "Em primeiro lugar, com o seu saber sapiencial que tem como perspectiva um modelo de família para além do pós-moderno, o qual prejudica a sua identidade total, a subjetividade social, a relevância pública, esquecendo-se da sua essência de comunhão e de relação. Mas se deve também dizer que a Doutrina ou Ensinamento social por si só não basta. Precisa de pernas, por assim dizer! Espera-se que o mundo católico, fiel ao Evangelho de Cristo, com a pluralidade de seus sujeitos, tenha um ímpeto de consciência e de dignidade, para ser mais convicto e determinado no presente e na defesa da beleza e da riqueza antropológica da família, nos vários areópagos, incluídas as instituições políticas nacionais e internacionais." (RL)
(from Vatican Radio)

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Papa Francisco na FAO: fala-se de novos direitos mas quem tem fome pede dignidade

2014-11-20 Rádio Vaticana
Na manhã desta quinta-feira o Papa Francisco visitou a sede da FAO onde decorre a II Conferência Internacional sobre a nutrição, sob o tema “Nutrição melhor, vida melhor”. No seu discurso o Papa se alegrou com a decisão de reunir nesta Conferência representantes de Estados, instituições internacionais, organizações da sociedade civil, do mundo da agricultura e do setor privado, para estudar juntos as formas de intervenção para garantir a nutrição e as mudanças necessárias que devem ser acrescentadas às estratégias atuais. A unidade de propósitos e de obras mas, sobretudo, o espírito de fraternidade, podem ser decisivos para soluções adequadas e a Igreja sempre procura estar atenta e solícita ao bem-estar espiritual e material das pessoas, e de modo particular as marginalizadas e excluídas, para que a sua segurança e dignidade sejam garantidas.
O Papa constatou em seguida que os destinos de cada nação estão hoje mais do que nunca entrelaçados entre si, como membros de uma mesma família que dependem uns dos outros, mas estas  relações estão demasiadas vezes danificadas pela suspeita recíproca, que por vezes se converte em formas de agressão bélica e econômica, minando a amizade entre irmãos e rechaçando ou descartando quem já está excluído. Mas o direito à alimentação só será garantido se nos preocuparmos todos com o sujeito real, ou seja, com a pessoa que sofre os efeitos da fome e da desnutrição, disse o Papa que também denunciou uma realidade frequente nos nossos dias em que se fala tanto em direitos, esquecendo com frequência os deveres e nos preocupamos pouco com os que passam fome.
A luta contra a fome e a desnutrição é dificultada pela «prioridade do mercado» e pela «preeminência da ganância», que reduziram os alimentos a uma mercadoria qualquer, sujeita à especulação, inclusive financeira. E enquanto se fala de novos direitos, o faminto está aí, na esquina da rua, e pede um documento de identidade, ser considerado em sua condição, receber uma alimentação de base saudável. Pede-nos dignidade, não esmola – reiterou o Papa Francisco. Estes critérios – prosseguiu o Papa - não podem permanecer na simples teoria: pessoas e povos exigem que a justiça seja colocada em prática; não apenas a justiça legal, mas também a contributiva e a distributiva e por isso, os planos de desenvolvimento e de trabalho das organizações internacionais deveriam levar em consideração o desejo de ver que se respeitam em todas as circunstâncias, os direitos fundamentais da pessoa humana, e da pessoa faminta em particular.
O interesse pela produção, a disponibilidade de alimentos e o acesso a eles, as mudanças climáticas, o comércio agrícola, devem certamente inspirar regras e medidas técnicas – continuou o Papa Francisco - mas a primeira preocupação deve ser a própria pessoa, aquelas que carecem de alimento cotidiano e que deixaram de pensar na vida, nas relações familiares e sociais e lutam apenas pela sobrevivência e, citando a intervenção de João Paulo II na FAO em 1992, alertou a comunidade internacional para o risco do “paradoxo da abundância”: existe comida para todos, mas nem todos podem comer, enquanto o desperdício, o descarte, o consumo excessivo e o uso de alimentos para outros fins estão sob nossos olhos, e este paradoxo infelizmente continua sendo atual. E falou igualmente da solidariedade como outro desafio que se deve enfrentar. O crescente individualismo e a fragmentação que caracterizam as nossas sociedades terminam por  privar os mais frágeis de uma vida digna provocando revoltas contra as instituições - a solidariedade torna as pessoas capazes de ir ao encontro do próximo e fundar suas relações mútuas neste sentimento de fraternidade que vai além das diferenças e dos limites, e encoraja a procurarmos, juntos, o bem comum.
Cada mulher, homem, criança, idoso, deve poder contar em todas as partes com estas garantias e é dever de todo Estado, atento ao bem-estar de seus cidadãos, subscrevê-las sem reservas, e preocupar-se com a sua aplicação. A Igreja Católica procura oferecer também neste campo sua contribuição, através de uma atenção constante à vida dos pobres em todos os lugares do planeta, para identificar e assumir os critérios que o desenvolvimento de um sistema internacional equânime deve cumprir, critérios que, no plano ético, se baseiam em pilares como a verdade, a liberdade, a justiça e a solidariedade e, no campo jurídico, incluem a relação entre o direito à alimentação e o direito à vida e a uma existência digna, o direito a ser protegidos pela lei, nem sempre próxima à realidade de quem passa fome, e a obrigação moral de partilhar a riqueza económica do mundo.
E por último o Papa reiterou que nenhum sistema de discriminação, de facto ou de direito, vinculado à capacidade de acesso ao mercado dos alimentos, deve ser tomado como modelo das ações internacionais que se propõem a eliminar a fome e pediu ao Todo Poderoso para que abençoe todos aqueles que, com diferentes responsabilidades, se colocam ao serviço dos que passam fome e sabem atendê-los com gestos concretos de proximidade e para que a comunidade internacional saiba escutar as deliberações desta Conferência e considere expressão da comum consciência da humanidade: dar de comer aos famintos para salvar a vida no planeta.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Santa Sé exorta Onu para evitar novos massacres contra minorias religiosas

2014-11-19 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

O Observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas em Nova Iorque, Dom Bernardito Auza, fez um apelo aos órgãos competentes da Onu para que “ajam para previnir novos massacres contra as minorias étnicas e religiosas”.
Durante o Simpósio para a Proteção das Minorias Religiosas no mundo, Dom Auza reiterou que a “Santa Sé insiste que as violências contra as minorias não sejam somente vistas como violências contra as minorias religiosas e étnicas, mas que sejam condenadas como violações dos direitos humanos fundamentais”. E acrescentou: “as Nações Unidas deveriam reforçar a rede jurídica internacional para uma aplicação multilateral das responsabilidades em proteger os povos de genocídios, crimes de guerra, limpeza étnica, crimes contra a humanidade e todas as formas de agressões injustas”.
Ainda durante o encontro, que reuniu lideranças religiosas e civis e foi promovido pelaAliança das Civilizações das Nações Unidas, Dom Auza instou estas lideranças “a fomentar o respeito pelas minorias religiosas e evitar que se acentue a discriminação” ao reiterar o apelo de Papa Francisco para que os líderes religiosos sejam protagonistas na promoção do diálogo inter-religioso e intercultural.
Isso, prossegue o Observador da Santa Sé na Onu, “faz-se mais urgente naqueles países e regiões onde as minorias religiosas – neste exato momento – estão sendo discriminadas e perseguidas”. Dom Auza concluiu seu discurso ao recordar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos garante a todos a liberdade de pensamento, consciência e religião. (RB)
(from Vatican Radio)