sábado, 4 de outubro de 2014

Em caso inédito, mulher dá à luz após receber útero transplantado

James Gallagher


Foto do transplante de útero cedida pela Universidade de Gotemburgo (AP)
Transplante de útero (sendo realizado pela equipe sueca na foto acima) permitiu que mulher de 36 anos engravidasse
Pela primeira vez, uma mulher deu à luz após ter sido submetida a um transplante de útero, informam médicos da Suécia.
A mãe, de 36 anos, havia nascido sem útero. Recebeu um órgão cedido por uma amiga, de 61 anos, que já estava na menopausa.
Relato descrito no periódico clínico Lancet informa que o bebê, do sexo masculino, nasceu prematuro, em setembro, pesando 1,8 kg. O pai disse que o bebê é "incrível" e que ele e a mãe passam bem.
A identidade do casal da Suécia não foi revelada, mas sabe-se que a mãe tinha ovários saudáveis.
O casal foi submetido a fertilização in vitro para produzir 11 embriões, que foram congelados. Depois, médicos da Universidade de Gotemburgo fizeram o transplante de útero e usaram medicamentos para impedir que o sistema imunológico da mulher rejeitasse o novo órgão.
Um ano após o transplante, a equipe médica decidiu que era possível utilizar um dos embriões da paciente, que conseguiu engravidar e dar à luz.
Em entrevista anônima à Associated Press, o pai disse que "a jornada foi muito difícil nos últimos anos, mas agora temos um bebê incrível. Ele não é diferente de nenhuma criança, mas temos uma boa história para contar".

Útero

Tratamentos contra o câncer e males congênitos são as principais causas de problemas no útero. Para muitas mulheres que querem ter filhos, a opção acaba sendo usar uma barriga de aluguel.
Antes do caso sueco, duas outras equipes médicas haviam tentado realizar transplantes de útero.
Em uma das tentativas, o órgão adoeceu e teve de ser removido após três meses. Na segunda, a mulher receptora do transplante sofreu abortos espontâneos.
Por conta desse histórico, Mats Brannstrom, que liderou a equipe sueca, descreveu o parto inédito com alegria.
"Foi uma felicidade fantástica para mim e para toda a equipe. Foi uma sensação surreal, também porque não conseguíamos acreditar que havíamos chegado naquele momento. Nosso sucesso é baseado em mais de dez anos de intensas pesquisas animais e treinamentos cirúrgicos e abre a possibilidade de tratar muitas jovens com problemas de infertilidade uterina no mundo", afirmou.
No entanto, ainda há dúvidas quanto à segurança e a efetividade do procedimento, considerado invasivo.
Brannstrom e sua equipe agora estão acompanhando oito casais com problemas similares ao primeiro. Os resultados desses casos darão mais pistas quanto ao uso mais amplo da técnica de transplante.
O médico Allan Pacey, presidente da Sociedade Britânica de Fertilidade, disse à BBC News que o êxito do caso sueco "é revolucionário e abre uma porta para muitas mulheres inférteis. É um passo para mudança. A questão é se (o tratamento) pode ser realizado repetidamente, de forma confiável e segura".
Mas o casal que celebra o nascimento do bebê terá que decidir, em breve, se quer um segundo filho. Isso porque os remédios usados para prevenir a rejeição do útero podem ser danosos no longo prazo - ou seja, o casal terá que tentar uma nova gravidez ou remover o útero transplantado.

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141003_transplante_utero_gravidez_pai

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