terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Estudo liga remédios para insônia e rinite a maior risco de demência

Michelle Roberts

Editora de Saúde do site da BBC

Thinkstock

Segundo estudo, uso diário por três anos ou mais de certos remédios por pessoas mais velhas aumentaria risco de demência
Um estudo ligou medicamentos usados regularmente, incluindo remédios contra insônia, depressão e rinite alérgica, à demência.

Pesquisadores da Universidade de Washington acompanharam a saúde de 3.434 pessoas com 65 anos ou mais que não tinham sinais de demência no início do estudo.

Eles observaram registros médicos e de medicamentos para determinar quantos tinham ingerido remédios com o efeito anticolinérgico, quais as doses e quantas vezes. Então, compararam esses dados com diagnósticos subsequentes de demência nos 10 anos seguintes.

O estudo, divulgado na publicação científica Jama Internal Medicine, apontou que doses mais elevadas e o uso prolongado destes medicamentos estavam ligados a um risco maior de demência em idosos. O perigo aumentava se o consumo fosse diário por três anos ou mais.

Leia mais: Pesquisa associa uso de remédios para dormir e ansiedade à demência

Todos os medicamentos listados têm efeito anticolinérgico, que bloqueiam um neurotransmissor chamado acetilcolina.

Os mais usados foram os antidepressão, tratamentos anti-histamínicos para alergias, como rinite, ou contra a insônia, e para tratamento de incontinência urinária. A maioria dos remédios só é vendida com prescrição médica.

Todo medicamento pode ter efeito colateral, e as bulas destes remédios alertam para a possibilidade de redução da capacidade de atenção e memória, e boca seca. Mas pesquisadores disseram que usuários deveriam estar cientes de que eles podem estar ligados a um risco maior de demência.
O estudo

Ao longo do estudo, 797 dos participantes desenvolveram demência.

O estudo estimou que as pessoas que tomaram pelo menos 10 mg/dia de doxepin (antidepressivo), 4 mg/dia de difenidramina (auxílio para dormir), ou 5 mg/dia de oxibutinina (contra incontinência urinária) por mais de três anos teriam um risco maior de desenvolver demência.

Os pesquisadores disseram que médicos e farmacêuticos poderão adotar uma abordagem preventiva e oferecer tratamentos diferentes como consequência do estudo. E, quando não houver alternativa, poderiam dar a menor dose pelo menor tempo possível.

Alguns dos participantes do estudo concordaram em serem submetidos a uma autópsia após a morte, disse a médica Shelly Gray, que participou do estudo. "Vamos analisar a patologia cerebral e ver se podemos encontrar um mecanismo biológico que pode explicar os nossos resultados".

Simon Ridley, chefe de pesquisa do grupo britânico Alzheimer's Research UK, disse que o estudo é interessante, mas não definitivo, já que, segundo ele, não há evidências de que essas drogas causem demência.

Já Doug Brown, da Sociedade de Alzheimer da Grã-Bretanha, disse: "Há preocupações de que o uso regular de certos medicamentos com efeitos anticolinérgicos, como soníferos e tratamentos de rinite, por pessoas mais velhas pode aumentar o risco de demência em determinadas circunstâncias, o que é apoiado por este estudo".

"No entanto, ainda não está claro se este é o caso, ou se os efeitos observados são resultado do uso a longo prazo ou vários episódios de curto prazo. É necessária uma pesquisa mais robusta para entender quais são os potenciais perigos, e se algumas drogas são mais propensas a terem este efeito do que outras.

"Gostaríamos de incentivar que médicos e farmacêuticos estejam cientes desta potencial ligação e aconselhem qualquer pessoa preocupada a falar com seu médico antes de parar com qualquer medicação".


Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/institutional/2015/01/150127_saude_demencia_remedios_hb

Rússia multa Google por mostrar anúncios de clínicas de aborto

Empresa será multada em 100 mil rublos (1.350 euros).
Aborto é permitido, mas governo russo proíbe propaganda do procedimento.
Da France Presse



Google será multado em 1.350 euros na Rússia (Foto: Stephen Lam/Reuters)


O governo russo anunciou nesta segunda-feira (26) a aplicação de uma multa de 100 mil rublos (1.350 euros) ao Google por mostrar anúncios de clínicas de aborto em sua ferramenta de buscas.

Em comunicado, o Serviço Federal antimonopólio lembrou que a legislação russa proíbe qualquer publicidade referente à interrupção voluntária da gravidez.

Em sua decisão, o órgão disse ter constatado a ocorrência de anúncios de clínicas sob a menção "Aborto no mesmo dia". Duas clínicas russas receberam a mesma sanção.

O aborto é legal na Rússia desde a época soviética e está muito difundido no país. Há anos, o governo de Vladimir Putin toma medidas para tentar restringir sua prática e fomentar o aumento da taxa de natalidade. Entre elas, está a proibição de fazer propaganda da interrupção voluntária da gravidez.

Fonte http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/01/russia-multa-google-por-mostrar-anuncios-de-clinicas-de-aborto.html

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Cientistas americanos desenvolvem antibiótico 'revolucionário'

Em testes feitos em ratos de laboratório, medicamento foi eficaz no combate a bactérias resistentes


Há décadas não foram registradas grandes descobertas no que diz respeitos a antibióticos. Mas essa "seca" pode ter chegado ao fim com uma descoberta feita por cientistas americanos, que vem sendo considerada revolucionária.

Uma equipe de especialistas da Universidade Northeastern, em Boston, nos Estados Unidos, desenvolveu um medicamento capaz de combater diversas infecções bacterianas que são resistentes aos antibióticos atuais.

Chamado de teixobactin, o remédio foi testado em ratos de laboratório e pode levar de cinco a seis anos para que seja testado em humanos.
Tuberculose

Em um artigo publicado na revista científica Nature, os cientistas explicam que o teixobactin se provou efetivo contra bactérias que causam a tuberculose e outras 'superbactérias' resistentes à meticilina, mais conhecidas pela sigla em inglês MRSA.

Os cientistas também desenvolveram outros 24 antibióticos, que também foram considerados "promissores".

Nada de relevante foi descoberto no campo dos antibióticos desde 1987.

Segundo a equipe de Northeastern, liderada pelo cientista Kim Lewis, o método foi desenvolvido após uma análise de compostos de bactérias provenientes do solo. Eles foram, depois, cultivados em laboratório, em uma espécie de câmara colocada dentro da terra durante algumas semanas.


Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150107_antibiotico_eua

domingo, 4 de janeiro de 2015

Garota que escapou da morte em acidente de avião usou técnicas de sobrevivência passadas pelo pai

Marty Gutzler voava desde os 16 anos
e era instrutor de voo
Foto: Reprodução/FAcebook



Saylor Gutzler tem apenas 7 anos
e buscou ajuda sozinha após acidente
Foto: Reprodução/Facebook


Única sobrevivente a um acidente de avião que matou sua família, Saylor Gutzler conseguiu ajuda através de técnicas de sobrevivência ensinadas pelo pai, o instrutor de voo Marty Gutzler, de 48 anos, também morto na tragédia. A menina de 7 anos, que agora será cuidada pelos avós, aproveitou o fogo da asa do avião e usou um graveto aceso para iluminar seu caminho até a residência mais próxima. Ela andou o equivalente a 1km de distância até a casa de um morador de Lyon County, que a levou ao hospital. As informações são do canal de TV americano NBC.

Saylor, com fraturas e ferimentos pelo corpo, também chegou a atravessar 12m de um riacho até a casa de Larry Willis, que prestou socorro e informou as autoridades locais sobre o acidente.

“Ela estava sangrando muito, com as pernas feridas, descalça... Ela é uma menina incrivelmente corajosa. Nunca imaginaria que uma garota de 7 anos poderia fazer isso”, disse Willis ele à rede de notícias norte-americana. Policiais do estado de Kentucky afirmaram ainda que ela tentou acordar os parentes antes de sair para procurar ajuda.

Saylor (à esquerda) ao lado da mãe Kimberly Gutzler, de 45 anos, e de sua irmã Piper
Saylor (à esquerda) ao lado da mãe Kimberly Gutzler, de 45 anos,
e de sua irmã Piper Foto: Reprodução/Facebook



A família Gutzler viajava num avião bimotor pilotado pelo pai na última sexta-feira e fez o pedido de socorro no início da noite, segundo versão da polícia local. Quatro membros da família Gutzler e uma prima de 14 anos estavam voltando de um período de férias em Key West, na Flórida, para o sul do Illinois. O avião foi encontrado com quatro corpos, cerca de 30km a leste da cidade de Paducah, a 10 km do aeroporto.

“Estamos devastados por esta perda, mas estamos confiantes de que eles descansam nos braços amorosos de Deus”, disseram outros familiares em comunicado oficial.


Imagens do avião foram capturadas pela NBC
Imagens do avião foram capturadas pela NBC Foto: Reprodução/NBCNews.com


No acidente, morreram Marty Gutzler, 49 anos, a mulher Kimberly Gutzler, de 45 anos, sua filha Piper Gutzler, de 9, e uma prima, Sierra Walder, de 14, que receberam dezenas de homenagens na internet, entre elas um grupo com fotos e mensagens de apoio aos familiares.

Já o Facebook de sua mãe mostra as filhas assistindo a um show de dança de Natal e as duas filhas indo ver Papai Noel. Kimberly Gutzler também postou uma mensagem para os amigos sobre o grande ano da família.


Imagens do Facebook da família mostram momentos do Natal
Imagens do Facebook da família mostram momentos do Natal Foto: Reprodução/Instagram

Investigadores da Guarda de Transporte Nacional vasculham o local do acidente para tentar descobrir o motivo da queda do avião.

O casal Gutzler viajava de férias de fim de ano
O casal Gutzler viajava de férias de fim de ano Foto: Reprodução/Facebook


Prima da família também não resistiu


Fonte http://extra.globo.com/noticias/mundo/garota-que-escapou-da-morte-em-acidente-de-aviao-usou-tecnicas-de-sobrevivencia-passadas-pelo-pai-14962078.html#ixzz3NqxWxCw0

sábado, 3 de janeiro de 2015

Criatura marinha minúscula pode ensinar homem a regenerar órgãos

Veronique Greenwood

Da BBC Future


A hydractinia está sendo estudada na Irlanda, em busca de pistas sobre a regeneração de órgãos

Em um laboratório sem janelas na Universidade de Galway, na Irlanda, há um aquário onde vive uma criatura extraordinária. Empoleiradas sobre palitos azuis, fileiras e fileiras de conchas estão cobertas por uma estranha "cabeleira viva", que se mexe ao ser tocada pela suave correnteza de água marinha.
Essa colônia de minúsculos animais marinhos, cujo nome oficial é hydractinia, foi recolhida das costas de caranguejos-ermitões que vivem nas piscinas naturais da Irlanda.
Eles têm parentesco com águas-marinhas, corais e anêmonas. Cada um é do tamanho dos cílios de um bebê e, por isso, eles são popularmente conhecidos como "pelos de caracol".


De perto, parecem uma árvore, cada um com um pé, um tronco e uma cabeça com tentáculos, usados para agarrar detritos que estejam de passagem.
Essas criaturas também têm um superpoder: quando têm suas cabeças comidas por peixes, conseguem fazê-las crescer novamente – com "cabelos" e tudo – uma semana depois.
É esse talento que chamou a atenção de Uri Frank e seus colegas do Instituto de Medicina Regenerativa da Universidade de Galway. Junto a um número cada vez maior de pesquisadores, ele afirma que a regeneração de tecidos vista em criaturas como a hydractinia pode ser um poder antigo tido por muitos animais, inclusive o ser humano. "Esse poder só está inativo", opina o cientista.
Mas como o "pelo de caracol" pode recriar sua cabeça? E será que podemos aprender com ele algo sobre a regeneração de tecidos em humanos?
De estrelas-do-mar a lagartixas, muitos animais conseguem fazer algumas partes de seus corpos crescerem novamente. Mas a hydractinia, uma criatura tão primitiva, é fora do comum, a começar por suas habilidades extremas.

Conduzindo células-tronco


Observação da hydractinia
Se tiver a cabeça arrancada, a hydractinia pode formar uma nova em poucos dias

A chave para seu poder regenerador é o fato de que ela retém suas células-tronco embrionárias por toda a vida.
Isso significa que qualquer processo de cura de lesões não produz apenas uma crosta e uma cicatriz, mas sim uma parte corporal inteiramente nova, exatamente como um embrião faria - inclusive uma cabeça.
A equipe em Galway tenta entender como a hydractinia reconstrói seu corpo. Eles têm observado como o animal conduz suas células-tronco na regeneração de sua cabeça – por exemplo, como as células-tronco sabem que a cabeça foi perdida – e de onde exatamente as células-tronco embrionárias vêm.
O estudo da hydractinia também levou Frank e seus colegas a perguntar algo ainda mais relevante: por que apenas alguns animais podem regenerar seus órgãos, enquanto outros não? Afinal, diz ele, os sistemas de células-tronco dos animais não são tão diferentes assim.

Habilidade ‘desligada’


Hydractinia
A criatura conserva suas células-tronco até a idade adulta

Processos fundamentais das células-tronco são ancestrais e comuns à maioria das espécies animais. Por exemplo, o complexo sistema de sinalização "WNT", que controla as células-tronco em embriões em desenvolvimento e que, quando não controlado, provoca o câncer, é muito semelhante em todos os animais, incluindo na hydractinia e no homem.
Trata-se de um entre poucos sistemas, cada um envolvendo centenas de elementos, que permaneceram o mesmo desde que a hydractinia ramificou a árvore evolutiva que um dia levou ao aparecimento do homem, há cerca de 600 milhões de anos.
Na última década, pesquisadores começaram a acreditar que as células-tronco surgiram em uma criatura ainda mais antiga do que a hydractinia, cujo corpo flexível se dissolveu há anos no leito marinho.
Para Frank, o poder de regeneração pode ter surgido com essa criatura, sendo transmitido aos animais seguintes a mesma capacidade, que hoje permanece inativa.
"Os sistemas de células-tronco são enormemente complexos, e 600 milhões de anos pode não ter sido tempo suficiente para que fosse criado um novo sistema do nada. Por isso, é mais provável que nosso sistema de células-tronco e o sistema de células-tronco da hydractinia sejam na realidade herdados de um ancestral comum", diz Frank.
"E, pensando bem, a hydractinia pode fazer crescer uma nova cabeça e, apesar de não conseguirmos fazer isso como adultos, fazemos enquanto embriões. Então é possível que essa habilidade esteja apenas ‘desligada’ no homem adulto e funcionando na Hydractinia".

Aplicação no homem

Essa teoria se conecta a um estudo publicado no ano passado na revista Naturesobre duas variedades de planária, um verme ancestral que sempre foi bastante estudado por causa de suas capacidades regeneradoras.
Uma planária pode ser cortada em vários pedaços e ser capaz de reconstruir seus corpos inteiros, mesmo a partir de uma minúscula cauda. Mas outras não conseguem fazer isso.
Os cientistas do Max Planck Institute, da Alemanha, conseguiram manipular as células-tronco e deram a todas as planárias a capacidade de se regenerar.
Em tese, é possível que humanos também tenham esse poder regenerativo, por mais que hydractinia e planárias pareçam ser espécies distantes.
No nível celular mais básico, há incríveis semelhanças.
Estudar esses animais pode nos ensinar a criar órgãos danificados ou perdidos.
"Não seria maravilhoso se pudéssemos reparar colunas vertebrais, corações, rins, mãos e outros órgãos que estejam em perigo?", pergunta-se Frank.


Leia a versão original desta reportagem em inglês no site BBC Future.
Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/141230_vert_fut_regeracao_cabeca