quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Estudo recomenda tomate para prevenir câncer de próstata

Helen Briggs

Atualizado em  28 de agosto, 2014 - 06:45 (Brasília) 09:45 GMT
Tomate / Crédito: Thinkstock
Pesquisas indicam que o tomate pode ajudar a diminuir o risco de câncer de próstata
Homens que consumirem mais de dez porções de tomate por semana podem reduzir em 20% os riscos de câncer de próstata, indicou um estudo feito por pesquisadores britânicos.
O estudo, realizada em colaboração entre as universidades de Cambridge, Oxford e Bristol, analisou a alimentação e o estilo de vida de cerca de 20 mil britânicos com idade entre 50 e 69 anos.
Os pesquisadores verificaram que aqueles que consumiam mais de dez porções de tomate por semana – na forma de saladas de tomate fresco ou suco de tomate, por exemplo – reduziram em 18% o risco de câncer de próstata.
Aqueles que consomem as recomendadas cinco porções de frutas e legumes - ou mais - por dia pode diminuem em 24% o risco de apresentar a doença no futuro, em comparação com homens que comem duas porções e meia desses alimentos ou menos, indicou a pesquisa.

Dieta balanceada

O câncer de próstata responde por 15% dos cânceres que afetam os homens, segundo a Rede Global do Fundo Mundial de Pesquisa contra o Câncer (WCRF International, em inglês). Só em 2012 foram registrados mundialmente 1,1 milhão de casos, o equivalente a 8% de todos os casos, informa a organização.
Para prevenir a doença, os especialistas recomendam uma dieta balanceada, com ênfase em frutas e legumes, e pouca ingestão de gordura, sal e carne vermelha e industrializada.
O estudo britânico indicou que no caso específico do tomate, os benefícios em termos de propriedades anticancerígenas podem vir do licopeno, um antioxidante que pode proteger o organismo contra danos nas células e no DNA.
"Nossas descobertas sugerem que os tomates podem ser muito importantes para a prevenção do câncer", disse Vanessa Er, da Escola de Medicina Social e Comunitária na Universidade de Bristol.
Ela acrescentou que "os homens também devem comer uma grande variedade de frutas e vegetais, manter um peso saudável e se exercitar com frequência".
Os autores do estudo pesquisaram dois outros componentes ligados ao câncer de próstata: o selênio, presente em alimentos a base de farinha, como pão e massa, e o cálcio, encontrado em produtos lácteos como o leite e o queijo.
Homens que ingeriram a quantidade ideal desses três componentes na dieta tiveram risco mais baixo de apresentarem câncer de próstata, disseram os pesquisadores.
Vanessa Er recomendou "estudos mais avançados" para confirmar estas constatações, especialmente na forma de testes clínicos.

Variedade

Salada / Crédito: PA
Dieta rica em frutas e vegetais é a melhor forma de prevenir o câncer de próstata
Comentando o estudo, Iain Frame, do Instituto Britânico do Câncer de Próstata, disse que ainda não há evidência suficiente para fazer recomendações concretas de quais alimentos específicos homens devem ingerir para reduzir o risco de câncer de próstata.
"O que sabemos é que não devem confiar demais em um só tipo de alimento, como o tomate", opinou.
"Uma dieta saudável, balanceada, com muitas frutas e legumes, aliada a exercícios físicos frequentes, é de longe a melhor opção de prevenção."
Tom Stransfeld, do Instituto de Pesquisa do Câncer no Reino Unido, disse que "enquanto ingerir alimentos ricos em licopeno, como tomates ou selênio, pode estar associado à redução do risco do câncer de próstata, isso não foi ainda comprovado, e esse estudo não pode confirmar se há mesmo uma relação entre essa dieta e o risco de câncer de próstata".
"Dietas de prevenção do câncer são uma questão complexa, com poucas respostas exatas, tipo preto no branco. Nós aconselhamos a todos a comer uma dieta balanceada, com bastantes frutas e legumes, e pouca carne vermelha, gordura e sal."

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140826_tomate_cancer_prostata_rm.shtml

Palavra de Vida

2014-08-28 Rádio Vaticana
Porto Alegre (RV)
Durante o mês de setembro, somos convidados a nos dedicar mais intensamente à leitura da Sagrada Escritura. Ela orienta a vida da comunidade de fé. Ao longo dos séculos, forjou cultura, ajudou a consolidar conquistas e continua norteando a vida em sociedade.

Quando refletimos a Sagrada Escritura, somos surpreendidos pela narrativa. É que do primeiro ao último livro encontramos a descrição de um Deus que deseja encontrar e ser encontrado por aquele ser criado a Sua imagem e semelhança: o ser humano.
Faz-se necessário, antes de tudo, compreender o que significa ler e estudar. Leitura é estudo; e estudo é trabalho. Trabalho do intelecto, isto é, trabalho dedicado na expectativa de acolher a mensagem do texto. No trabalho do estudo e da leitura é necessário persistência e insistência. Persistência e insistência de quem se sente atingido por uma palavra que não lhe pertence, mas que lhe vem ao encontro, podendo oferecer ao leitor atento trabalhador dedicado! indicações para uma vida com mais consistência. Ao mesmo tempo, faz-se necessário compreender a dimensão do encontro. O termo “encontro” é muito usado no cotidiano. De fato, nossa vida é marcada por várias experiências de encontro: encontro de amigos, trabalhadores, jovens, grupos de idosos, de família, de estudos, de lazer etc. Todas apontam para uma realidade maior: o próprio desejo do ser humano de buscar, fomentar e cultivar uma relação de mútua identificação que denominamos “amor”. Encontro é, pois, uma experiência caracterizada pelo amor, que anela a mútua identificação.
A Sagrada Escritura descreve situações de encontro. É Deus que vem ao encontro das pessoas, e elas buscam encontrar-se com o Senhor.
A experiência do encontro é puro toque, puro golpe. E, assim, acontece transformação. E uma pessoa que fez a experiência não é mais a mesma. A experiência encontro significa transformação.
Na experiência, o outro sempre é tocado e transformado. É encontro vital, profundo.
Desse modo, podemos compreender porque os diversos encontros entre Deus e o ser humano, entre Jesus e seus interlocutores, sempre levam a uma transformação das pessoas, que se percebem atingidas por “quem ensina como quem tem autoridade” (cf. Lc 4, 32).
Na base da fé cristã, está a experiência do encontro com a pessoa de Jesus Cristo, o Filho amado do Pai enviado ao mundo; Ele transforma, reúne e introduz todo ser humano de boa vontade numa vida nova. Isso constitui o núcleo da fé cristã. “Nesse âmbito, o encontro com Cristo acontece e se consolida ‘segundo as Escrituras’” (1Cor 15,3.4). A graça do encontro e seu cultivo às pessoas de boa vontade capazes de fazer o bem, a exemplo de Jesus que passou por entre nós fazendo o bem (At 10,38).
Vivemos uma realidade marcada por absurdos: violência brutal, mortes, drogadição, vulgarização da individualidade e sua intimidade, perda de sentido da própria vida; a impossibilidade da comunicação, apesar dos tantos e sofisticados meios de comunicação; o impor-se da virtualidade que confunde. Tudo isso pode, porém, ser assumido como possibilidade para anunciar um outro modo de ser-pessoa, não mais como sujeito de poder e projeção, mas como a abertura obediente, aventureira, disponibilidade total e radical para o outro que para nós tem nome: Jesus, Caminho, Verdade e Vida.
Dom Jaime Spengler
Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Fome no mundo


Fotografia tirada da internet


O lema da campanha é abrangente e motivador. “Uma família humana, pão e justiça para todas as pessoas!”Se todas as cáritas estão dispostas a abraçar esta campanha, podemos dizer que a Cáritas Brasileira se sente particularmente envolvida, dado que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos no mundo.
Esta constatação nos apresenta diversas interpelações. Com vastas extensões de terras cultiváveis, e sendo um dos poucos países que ainda podem estender sua fronteira agrícola, ao se falar em fome, o Brasil precisa mesmo se sentir questionado. Com a pauta de exportações de alimentos tão significativa, o Brasil bem que poderia urgir uma política mundial de produção e distribuição de alimentos, que superasse a esfera meramente comercial dos produtos alimentícios.
Pois de fato, uma das questões pendentes em todas as esferas políticas é o caráter prioritário que deveria merecer a circulação mundial de produtos alimentícios. O alimento não pode se relegado à condição de mera mercadoria. Neste sentido, é evidente a complexidade da questão, pela incidência que uma determinada decisão tem sobre outras. As medidas adotadas para a esfera da comercialização, têm reflexos imediatos na esfera da produção. É por isto que a agricultura é a atividade econômica que mais precisaria ser regulamentada com critérios humanitários, sem desconhecer sua dimensão comercial, que também precisa de adequada valorização.
Pois às vezes acontece que uma determinada ação governamental para baixar os preços dos produtos agrícolas, acaba penalizando os agricultores que os produziram. Tudo isto para dizer que esta campanha contra a fome no mundo tem horizontes amplos, e traz questionamentos de ordem política e administrativa.
Mas independente destas complexidades, a campanha tem caráter de urgência, e pode contar com a adesão de todos, e se expressar através de diversas iniciativas, que precisarão contar necessariamente com a arrecadação de recursos financeiros, que no seu destino poderão ser convertidos em alimentos que possam chegar ao alcance dos mais de um bilhão de famintos no mundo.Assim, o sistema financeiro, que é o setor que mais lucra com a ordem econômica vigente hoje no mundo, poderá prestar o bom serviço, de ser o mediador da solidariedade humana, neste causa tão nobre de saciar a fome dos famintos.
Outro aspecto importante desta campanha, é o apoio que ela já recebeu do Papa Francisco. Para entender o peso deste apoio, é bom dar-nos conta da estratégia do Papa em pautar seu pontificado. Ele fez diversos gestos simbólicos, que encontraram grande receptividade no mundo. Mas não bastam os gestos. Ele tomou algumas iniciativas, que podem ser chamadas de exemplares, para sinalizar ações mais envolventes. Pois bem, uma das iniciativas simbólicas foi o apoio dado a esta campanha da Cáritas, que ele quis assumir como sendo de toda a Igreja. Com isto, ele aponta as ações concretas contra a fome, como sendo a maneira prática dos cristãos colaborarem com a vida digna de todas as pessoas. Assim a Igreja atende o apelo de Cristo: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” Dom Demetrio Valentini

terça-feira, 26 de agosto de 2014

'Vai para baixo da terra', diz Graciele a Bernardo em vídeo obtido por polícia

26/08/2014 11h28 - Atualizado em 26/08/2014 12h01

Graciele gravou imagens para mostrar atitudes do menino, diz delegada.
Vídeo havia sido apagado do celular do pai, mas foi recuperado em perícia.

Caetanno FreitasDo G1 RS, em Três Passos
Manifestantes rezam antes da primeira audiência do Caso Bernardo (Foto: Caetanno Freitas/G1)Grupo reza antes da primeira audiência do Caso Bernardo (Foto: Caetanno Freitas/G1)
A delegada Caroline Bamberg, responsável pela investigação do Caso Bernardo, disse na manhã desta terça-feira (26) em Três Passos que a polícia obteve um vídeo com ameaças de Graciele Ugulini ao menino durante uma briga. No fim da manhã, o G1 teve acesso à transcrição deste arquivo, que foi recuperado pela perícia no telefone celular de Leandro Boldrini, pai do menino e preso por envolvimento na morte. De acordo com a gravação, a madrasta disse que Bernardo iria "para baixo da terra", enquanto o pai o mandava "calar a boca".
O material será usado como principal prova pela acusação no processo da morte do menino, que tem a primeira audiência realizada no Fórum de Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul, nesta terça.
"Vamos ver quem vai primeiro para baixo da terra", dizia Graciele nas imagens gravadas, segundo transcrição à qual o G1 teve acesso.
Bernardo Boldrini Três Passos (Foto: Reprodução/RBSTV)Bernardo Boldrini morreu em abril
(Foto: Reprodução/RBS TV)
Bernardo gritava pedindo socorro, e o pai mandava o menino calar a boca, ficar quieto. "Cala a boca, guri de merda, cagão", dizia o médico, de acordo com a transcrição.
Também conforme a transcrição, a briga ocorreu em uma noite de sábado e chamou a atenção do vizinhos, que chamaram a polícia. A Brigada Militar esteve no local e acalmou os ânimos.
Segundo a delegada Caroline Bamberg, as imagens foram gravadas pela madrasta com a intenção de dizer que Bernardo era agressivo com a família. O arquivo havia sido apagado do celular de Leandro, mas foi recuperado por técnicos do Instituto-Geral de Perícias.
"Tem um vídeo em que o Bernardo fala que é agredido, uma briga entre os três, Leandro e Graciele. Demonstra muito bem o comportamento deles com o menino. O Bernardo pede socorro, grita. Reforça bem a acusação contra o Leandro", declarou Caroline ao G1, antes de entrar na audiência. "Também mostra ameaças da Graciele ao Bernardo, inclusive de morte", acrescentou.
Caroline Bamberg conversou com a imprensa antes da audiência (Foto: Caetanno Freitas/G1)Caroline Bamberg conversou com a imprensa
antes da audiência (Foto: Caetanno Freitas/G1)
O corpo de Bernardo foi localizado no dia 14 de abril enterrado em um matagal na área rural deFrederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, onde ele residia com a família. O menino estava desaparecido desde 4 de abril. Além de Leandro e Graciele, a amiga da madrasta Edelvania Wirganovicz e o irmão dela, Evandro Wirganovicz, estão presos e respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
A audiência conta com reforço policial, bloqueio de vias no entorno e restrição à imprensa, com objetivo de proteger e minimizar efeitos externos às testemunhas de defesa e acusação. Ao todo, são 40 policiais militares são responsáveis pela segurança. As ruas do entorno foram bloqueadas em uma área de aproximadamente duas quadras.
PMs reforçam a segurança do Fórum de Três Passos (Foto: Caetanno Freitas/G1)PMs reforçam a segurança do Fórum de Três
Passos (Foto: Caetanno Freitas/G1)
Dos quatro réus, apenas Edelvania e Evandro Wirganovicz optaram por comparecer. Leandro e Graciele pediram dispensa.
Ao todo, seriam ouvidas 33 testemunhas, de defesa e acusação. São familiares, vizinhos, amigos e outras pessoas que possam colaborar com a Justiça. Entre os nomes considerados mais importantes estão: as delegadas que trabalharam no caso, Caroline Bamberg Machado e Cristiane de Moura Baucks, a ex-babá de Bernardo, Elaine Rader – que relatou uma tentativa de asfixamento da madrasta ao garoto – a professora dele, Simone Müller, e um casal que possuía forte vínculo afetivo com o garoto, Carlos e Juçara Petry. A ex-secretária de Leandro Boldrini, Andressa Wagner, e a avó de Bernardo, Jussara Uglione, também foram convocadas.
A audiência não tem horário para terminar. Se houver necessidade, uma nova data será marcada para prosseguir com os depoimentos das testemunhas do caso. Na semana passada, o juiz Marcos Luís Agostini negou um pedido do advogado Jader Marques, que defende Leandro, para adiar a audiência.
Depois de encerrada a primeira etapa, novas audiências serão realizadas. Foram 25 testemunhas arroladas pelo Ministério Público (MP) e 52 pelas respectivas defesas, totalizando 77 pessoas. Após o depoimento das 33 em Três Passos, o restante será ouvido por carta precatória, conforme o local onde residem. Haverá testemunhas em Frederico Westphalen, Campo Novo, Coronel Bicaco, Santo Augusto, Palmeira das Missões, Rodeio Bonito, Ijuí, Santo Ângelo, Porto Alegre e Florianópolis.
Cumpridas todas as precatórias, será designada uma nova audiência para ouvir alguma testemunha de defesa que possa ter ficado para trás por motivos como atestado médico, viagem, etc. Para terminar a fase das audiências, os réus serão ouvidos. Na sequência, haverá alegações pelas partes e a sentença do juiz para avaliar se é caso de pronúncia (se vai a júri ou não).
Entenda 
Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No dia 6 de abril, o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.
No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.
O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. No dia 14 de abril, o corpo do garoto foi localizado. Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem de um sedativo e depois enterrado em uma cova rasa, na área rural de Frederico Westphalen.
O inquérito apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ainda conforme a polícia, ele também auxiliou na compra do remédio em comprimidos, fornecendo a receita Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune, e contaram com a colaboração de Edelvania e Evandro.

Fonte http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/caso-bernardo-boldrini/noticia/2014/08/vai-para-baixo-da-terra-diz-madrasta-bernardo-em-video-obtido-por-policia.html

Cientistas criam 1º órgão artificial dentro de animal

James Gallagher

Atualizado em  25 de agosto, 2014 - 18:29 (Brasília) 21:29 GMT
Timo | Crédito: PA
Timo - órgão ligado ao sistema imunológico - foi criado artificialmente dentro de um camundongo
Cientistas da Escócia criaram, pela primeira vez, um órgão a partir do zero dentro de um animal.
Um timo – parte importante do sistema imunológico – de camundongo foi gerado artificialmente dentro de uma cobaia.
O experimento, descrito na publicação científica Nature Cell Biology, pode ajudar a abrir caminho para alternativas ao transplante de órgãos.
Os cientistas afirmaram que o resultado obtido foi promissor, mas ainda não há data para o início da experiência em humanos.

Experimento

O timo é uma glândula linfática localizada próximo ao coração onde crescem importantes componentes do sistema imunológico, os chamados linfócitos T, que combatem infecções.
Para conduzir a pesquisa, cientistas do Centro Conselho de Pesquisa Médica para Medicina Regenerativa da Universidade de Edimburgo colheram células de um embrião de um camundongo.
Essas células foram geneticamente "reprogramadas" e começaram a se transformar em um tipo de célula presente no timo.
Os cientistas, então, misturaram essas células com outras e as inseriram dentro de um camundongo.
Uma vez dentro da cobaia, esse grupo de células se desenvolveu e formou um timo totalmente funcional.
O resultado é similar ao obtido no ano passado, quando cérebros criados em laboratório atingiram o mesmo nível de desenvolvimento do que um feto de nove semanas.
O timo é um órgão relativamente simples e, nos experimentos conduzidos pelos cientistas, manteve todas as suas funcionalidades normais.
Estruturalmente, o órgão continha duas grandes regiões – o córtex e medula – e também produzia linfócitos T.

'Emocionante'

Clare Blackburn, que fez parte do grupo de pesquisa, afirmou que foi "tremendamente emocionante" quando a equipe percebeu o que havia descoberto.
"Ficamos todos surpresos ao conseguir gerar um órgão 100% funcional começando com células reprogramadas de uma maneira muito simples", afirmou Blackburn à BBC.
"Foi um avanço muito importante. Nossa descoberta também é bastante estimulante em termos de pesquisa relacionada à medicina regenerativa."
Segundo os estudiosos, a descoberta poderia ajudar pacientes que precisam de um transplante de medula óssea ou recém-nascidos com problemas no timo.
Idosos também poderiam se beneficiar da pesquisa. Com o avanço da idade, o timo diminui de tamanho, o que reduz a capacidade do sistema imunológico e, consequentemente, aumenta a vulnerabilidade do indivíduo a doenças.
No entanto, os cientistas dizem que ainda há obstáculos a serem transpostos antes que a pesquisa possa ser feita em humanos.
A técnica atual usa embriões. Isso significa desenvolver um timo que talvez seja incompatível com os tecidos do paciente.
Pesquisadores também precisariam ter a certeza de que as células transplantadas não cresceriam descontroladamente, evoluindo para um câncer.
Robin Lovell-Badge, do Instituto Nacional para a Pesquisa Médica, no Reino Unido, classificou o estudo como "excelente".
"Essa é uma conquista importante tanto para demonstrar como fazer um órgão do zero, mesmo simples, quanto pelo papel fundamental do timo no desenvolvimento do sistema imunológico."
No entanto, agrega, "os métodos usados parecem não ter aplicabilidade em humanos".

Avanços

O campo da medicina regenerativa vem evoluindo rapidamente.
Já existem pacientes com vasos sanguíneos, traqueias e bexigas criados em laboratório. Esses órgãos artificiais são criados a partir de células em uma estrutura temporária que é então implantada.
O timo criado pelos cientistas exigiu apenas uma injeção de células.
Paolo de Coppi, um dos pioneiros nas terapias regenerativas no Great Ormond Street Hospital, afirmou: "Pesquisas como essas demonstram que a engenharia de órgãos pode, no futuro, substituir os transplantes".
"A criação de órgãos relativamente simples já foi adotada em um pequeno grupo de pacientes e é possível que, dentro dos próximos cinco anos, órgãos mais complexos possam ser criados usando células especializadas derivadas de células-tronco de uma forma semelhante à descrita na pesquisa".
Mas, ressalva, "ainda não se sabe se, em longo prazo, as células geradas a partir da reprogramação direta vão poder manter sua forma especializada e evitar problemas como a formação de tumores".

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140825_ciencia_orgao_artificial_lgb.shtml

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Professora tenta suicídio duas vezes após agressões consecutivas de alunos

Ricardo Senra

Atualizado em  25 de agosto, 2014 - 09:43 (Brasília) 12:43 GMT
A professora Liz*, que diz ter sido atacada diversas vezes por alunos, pediu para não se identificar por medo de represálias
"Dou aula de porta aberta por medo do que os alunos possam fazer. Não dá para ficar sozinha com eles", diz Liz*, professora de inglês de dois colégios públicos da periferia de São Paulo.
Em 15 anos de aulas tumultuadas e sucessivas agressões (de ameaças de morte a empurrões e tapas na frente da turma), a professora chegou a tentar suicídio duas vezes – primeiro por ingestão de álcool de cozinha, depois por overdose de remédios.
"Me sentia feliz quando comecei a dar aulas. Hoje, só sinto peso, tristeza e dor", diz.
A violência contra professores foi destacada por internautas em consulta nas redes sociais promovida pelo #salasocial, o projeto da BBC Brasil que usa as redes para obter conteúdo original e promover uma maior interação com o público.
Em posts no CliqueFacebook e no CliqueTwitter, leitores disseram que a educação deveria merecer mais atenção por parte dos candidatos a cargos públicos.
A pedido da BBC Brasil, internautas, entre eles professores, compartilharam, via CliqueFacebookCliquediferentes relatos sobre violência cometida contra profissionais de ensino. Houve também depoimentos feitos via CliqueGoogle+ e CliqueTwitter.

VIOLÊNCIA CONTRA PROFESSORES

Segundo a Prova Brasil, do Ministério da Educação (MEC), um terço dos professores que responderam ao teste em 2011 disse ter sido agredido verbalmente por alunos. Um em cada dez afirmou ter sofrido ameaças e aproximadamente um a cada 50 disse ter sido agredido físicamente por estudantes.À reportagem, o MEC afirmou que promove o projeto "Escola que Protege", cujo objetivo é "prevenir e romper o ciclo da violência contra crianças e adolescentes no Brasil. A intenção é que osprofissionais sejam capacitados para uma atuação qualificada em situações de violênciaidentificadas ou vivenciadas no ambiente escolar".A secretaria da educação do Estado de São Paulodisse entender "que o enfrentamento à violênciano ambiente escolar deve ocorrer em diversas frentes, que englobam polícia, comunidade escolar e família. A pasta desenvolve desde 2009 em todas as 5 mil escolas paulistas o Sistema de Proteção Escolar, programa que orienta as equipes gestoras e apoia professores e alunos envolvidos em situações de vulnerabilidade".
Segundo o psiquiatra Lenine da Costa Ribeiro, que há 25 anos faz sessões de terapia coletiva com educadores no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, o trauma após agressões é o principal motivo de licenças médicas, pânico e depressão entre professores. "Mais do que salários baixos ou falta de estrutura", ressalta.
O problema, de acordo com especialistas consultados pela BBC Brasil, seria resultado da desvalorização contínua do professor, do descompasso entre escolas e expectativas dos alunos e de episódios de violência familiar e nas comunidades.

Lápis afiado

A primeira tentativa de suicídio aconteceu assim que Liz descobriu que estava grávida.
"Quando vi que teria um filho, fiquei desesperada. Eu não queria gerar mais um aluno", diz a professora, que bebeu álcool de cozinha e foi socorrida pela mãe.
A segunda aconteceu em abril do ano passado, após agressões consecutivas envolvendo alunos da primeira série de uma escola municipal e do terceiro ano do ensino médio de um colégio estadual, ambos na zona sul de São Paulo.
"Começou com um menino com histórico de violência familiar. Ele atacava os colegas e batia a própria cabeça na parede. Um dia, para chamar minha atenção, ele apontou um lápis bem apontadinho e rasgou o rosto de uma 'aluna especial' que sentava na minha frente", relata.
Ela conta que o rosto da aluna, que tem dificuldades motoras e intelectuais, ficou coberto de sangue.
"Violência gera violência", diz Liz, ao assumir ter agredido, ela mesma, o menino de 6 anos que machucou a colega com o lápis.
"Empurrei ele com força para fora da sala. Depois fiquei destruída", conta.
Na semana seguinte, diz Liz, um aluno de 16 anos a "atacou" após tentar mexer em sua bolsa.
"Ele disse que a escola era pública e que, portanto, a bolsa também era dele. Eu tentei tirar a bolsa, disse que era minha e então ele pulou em cima de mim na frente de todos", relata.
O adolescente foi suspenso por seis dias e voltou à escola. O mesmo não aconteceu com Liz, que pediu licença médica e se afastou por um ano.
"Não me matei. Mas não estou convencida a continuar vivendo", diz.

Quadro negro e giz

A professora de inglês diz que a gota d'água para buscar ajuda de um psiquiatra foi quando percebeu que estava se tornando "muito severa" com a própria filha, de 6 anos. "Ali eu vi que estava perdendo a vontade de viver", diz. "A violência na escola é física, mas também é moral e institucional. Isso acaba com a gente", afirma.
A educadora diz que, nas duas oportunidades, não procurou a polícia por "saber que nada seria feito e que os policiais considerariam sua demanda pequena perto das outras".
Para a educadora, o modelo atual das escolas estaria ultrapassado, o que tornaria a situação mais difícil. "Na sala de aula, eu dou aula para as paredes. E se o aluno vai mal, a culpa é nossa. Essa culpa não é minha, eu trabalho com quadro negro e giz. Enquanto isso os alunos estão com celular, tocando a tela", observa.
Em comentário enviado via Facebook, Jorge Marcos Souza foi um dos internautas que destacou o problema
Em tratamento contínuo, ela diz que está, aos poucos, se afastando do ensino na rede pública.
"Dou aulas particulares também. E estes alunos eu vejo crescendo, progredindo", diz.
Abandonar a escola, diz a professora, seria o caminho para resgatar sua autoestima.
"A alegria do professor é ver o progresso do aluno. É gostoso ver o aluno crescer. A classe toda tirar 10 é o maior prazer do mundo, vê-los entrando na faculdade é a nossa alegria", diz. "Mas não é isso o que acontece".
*A pedido da professora, o nome real foi mantido em sigilo.

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140818_salasocial_eleicoes_educacao_perfil_professora_rs.shtml